Opinião

Mobilidade Elétrica avança e Brasil já discute impacto dos Eletropostos

O mercado mundial de eletropostos está em franca expansão e deve crescer ainda mais nos próximos anos. De acordo com um relatório da Grand View Research, o tamanho do mercado mundial de infraestrutura de carregamento de veículos elétricos foi avaliado em US$ 8.42 bilhões em 2018 e projeta crescer, em termos de taxa de crescimento anual composta, cerca de 32,6% de 2019 a 2025, o que representará um mercado de US$ 63,9 bilhões.

A crescente adoção e venda de veículos elétricos, juntamente com a promulgação de leis e subsídios para estimular o setor, além do custo decrescente das baterias, são alguns dos principais fatores que impulsionarão o crescimento do mercado. As entregas globais de veículos plug-in atingiram 2,1 milhões de unidades em 2018, 64% acima de 2017, incluindo todas as vendas de carros elétricos e híbridos plug-in, caminhonetes nos Estados Unidos / Canadá e veículos comerciais leves na Europa e na China.

Aqui no Brasil, apesar do ritmo ainda tímido de adoção à tecnologia, um levantamento da CPFL Energia estima que o país precisará de cerca de 80 mil eletropostos públicos até 2030, como forma de acompanhar o ritmo de crescimento do mercado de veículos elétricos nacional. Até lá, a frota nacional de carros elétricos puros e híbridos plug-in deve alcançar 2 millhões de unidades em circulação. Neste sentido, o desenvolvimento de um mercado de recarga pública, combinando eletropostos semi-rápidos e rápidos, é um dos principais desafios para a expansão da mobilidade elétrica no Brasil.

A ANEEL aprovou em maio uma convocação para submissão de projetos de P&D na área de mobilidade elétrica a todas as empresas ligadas ao setor, com o objetivo de apresentar soluções de novos modelos de negócio, equipamentos, tecnologias e também soluções para eletropostos. A estatal recebeu 38 propostas de projetos, com expectativa de investimentos da ordem de R$ 616 milhões. Algumas concessionárias tiveram seus projetos aprovados recentemente.

Uma questão importante neste contexto é que, considerando-se o crescimento significativo previsto, por volta do ano de 2025 / 2030, os eletropostos impactarão na rede de distribuição de energia de forma determinante, em maior e menor intensidade. Carregadores domésticos – que serão a grande maioria e poderão ser utilizados em casa pelos próprios proprietários dos veículos elétricos – dispõem de uma potência de 3,7kVA a 7,4kVA e demoram cerca de 4 a 8 horas para carregar totalmente a bateria de um veículo, mas já um carregador ultra-rápido, capaz de carregar um potente Porsche Taycan em poucos minutos, dispõe de uma potência de 175kW a 350kW.


Carregadores de alta potência estarão disponíveis apenas nos eletropostos públicos, mas terão um impacto significativo na demanda sobre rede. Uma das possibilidades é a recarga inteligente, quando o preço da energia consumida para carregar a bateria de um veículo elétrico pode variar conforme a disponibilidade da rede.  Assim, haverá a necessidade das concessionárias de energia criarem soluções de monitoramento e de medição de energia, como já fazem habitualmente com a energia utilizada pelos consumidores em seus lares, negócios etc.

Luiz José Hernandes é consultor da CAS Tecnologia

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