Opinião

Mulheres em TI: fizemos história, mas temos de brigar pelo futuro

Após cada celebração do Dia Internacional da Mulher vem um momento de reflexão sobre as muitas lutas, vitórias e desafios que ainda permanecem. O mercado de trabalho é uma das áreas onde o esforço pela igualdade é constante. E ainda há um longo caminho a percorrer no que diz respeito à representação feminina, especialmente em empresas de TI.

De acordo com o estudo mais recente da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Tecnologias Digitais), as mulheres representam apenas 39% dos funcionários. Ao mesmo tempo, elas constituem mais da metade da população brasileira. A falta de representação é alarmante, mas também é preocupante o fato de que a maioria das pessoas desconhece as conquistas significativas feitas pelas mulheres.

Nomes como Ada Lovelace, matemática britânica responsável pelo primeiro algoritmo a ser usado por uma máquina analítica, e Grace Hopper, almirante da Marinha dos EUA e analista de dados responsável pelo desenvolvimento da primeira linguagem complexa de computador (COBOL), são importantes quando se analisa a história da tecnologia. No entanto, suas contribuições não são faladas o suficiente ou mesmo ensinadas em salas de aula. O reconhecimento deste legado feminino pode motivar mentes jovens a questionar ultrapassadas normas de gênero socialmente prescritas e encorajar mais mulheres a seguirem formação em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

Isto também ajuda a mudar a percepção equivocada de que os cursos relacionados à tecnologia são apenas para homens, enquanto as áreas como medicina são para mulheres. Esse sentimento se reflete não apenas no mundo acadêmico , mas também na sociedade e no mercado de trabalho, reduzindo assim as oportunidades para as mulheres.

Uma maior visibilidade para as mulheres que ocupam posições de liderança também pode impactar positivamente o interesse das gerações futuras. Ao destacar seus exemplos, as jovens e as mulheres podem ser inspiradas a sonhar grande e a lutar pelo sucesso. De acordo com a Brasscom, a participação feminina é mais de 50% menor nos cargos de Coordenadora, Diretora e Gerente – mesmo que esse número tenha aumentado nos últimos anos.


Dito  isto, é importante destacar também os marcos alcançados e as iniciativas positivas que a indústria de TI tem empreendido. Empresas locais têm investido em programas já existentes destinados a aumentar o acesso das mulheres ao setor, tais como Reprograma e PrograMaria. E um exemplo internacional é o programa Marupadi, organizado pela big tech indiana Zoho Corporation, cujo objetivo é ajudar a retomar as carreiras das mulheres que tiveram que se afastar do trabalho devido a responsabilidades familiares ou outros motivos. 

As empresas que promovem a igualdade de gênero e incentivam a diversidade em sua força de trabalho se beneficiam de uma maior pluralidade de pontos de vista e experiências. Elas são mais propensas a obter insights que podem ajudar a desenvolver soluções inovadoras para problemas tecnológicos. Devemos continuar a tomar medidas positivas para garantir um ambiente onde as pessoas que são diferentes umas das outras sejam aceitas e respeitadas, que recebam salário igual e que tenham códigos de ética reforçados para garantir um local de trabalho mais seguro para todos. A maior consequência de tudo isso é uma maior atração e retenção de talentos tecnológicos. Que a próxima geração tenha muitas Adas e Graces!

Sthéfani Silva é Consultora Técnica da ManageEngine

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