Opinião

O crime não descansa, a segurança também não!

O combate ao crime e ajuda à população são dois dos maiores desafios dos governos que tentam se transformar em “cidades inteligentes”. Para avançar neste caminho, as cidades devem priorizar o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) de alto impacto, para garantir não só um dos eixos norteadores do desenvolvimento econômico nas cidades, mas também o direito humano de viver em uma sociedade segura.
 
O crime não descansa e, da mesma forma, as câmeras, oficiais, rádios e outros recursos e fontes de informação de uma cidade permanecem alertas e funcionando 24 horas por dia. Um volume imenso de dados é gerado dentro de uma cidade, e essas informações poderiam ser a chave para a transformação de uma cidade segura. Por outro lado, se essas informações não estiverem interconectadas e não forem processadas de maneira inteligente, acabam perdendo a utilidade.
 
Os chamados Centros de Comando, Controle e Comunicação (C4) são lugares onde as agências de segurança pública monitoram tudo o que acontece na cidade, coordenam as chamadas de emergência e enviam os recursos para resolver os problemas o mais rápido possível. Na América Latina, há muito poucos C4 em operação atualmente e estão em apenas em algumas cidades ou distritos. Neste sentido, a Colômbia, o Equador, o Chile e o Brasil contam com projetos que conseguiram se consolidar positivamente em termos de profissionalização e em uso de tecnologias apropriadas para isso.

No entanto, a região ainda tem um longo caminho a percorrer, não apenas no sentido de iniciar mais projetos deste tipo, mas também renovar tecnologicamente os produtos já existentes.  Um levantamento da Motorola Solutions estima que 84% dos departamentos de polícia em todo o mundo ainda utilizam planilhas para realizar análises criminais[1]. Isso mostra que as autoridades ainda utilizam ferramentas vulneráveis e de baixa confiabilidade, que não atingem o nível de profundidade e precisão exigidos em atividades de segurança, combinados com protocolos insuficientes de prevenção de crimes.

Além disso, segundo o Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPs – AM), entre janeiro e fevereiro deste ano foram registrados 43.596 trotes aos telefones emergenciais, que representa cerca de 25% das ligações recebidas no período. Ou seja, existe uma necessidade urgente de educar a população com o objetivo de torná-la mais responsável e, as autoridades, buscarem ações e soluções tecnológicas para evitar desperdício de tempo e de recursos.
 
A partir de uma visão prática do conceito de cidades inteligentes, a solução para o avanço é simples: Os C4 precisam se transformar em Centros de Controle de Próxima Geração, adicionando  coordenação estratégica como um diferencial. Dessa forma, é possível basear a tomada de decisões em análise de dados e obter um acompanhamento completo  e em tempo real de cada situação.

Os Centros de Controle de Próxima Geração ampliam as capacidades humanas, já que permitem o reconhecimento total da situação, para que as autoridades compreendam o cenário e sejam capazes de coordenar as operações táticas. Isso requer, sem dúvida, uma sólida plataforma tecnológica de comunicações digitais completa e robusta, dentro dos padrões globais, capazes de proteger o tráfego das informações sensíveis.
 
Graças aos avanços dos sistemas de informação e de inteligência artificial (AI) é possível adicionar capacidades superiores para obter vantagem de algoritmos de análise de vídeo, mapas de calor, reconhecimento facial, sensores de movimento e geolocalização. Os recursos de IA também permitem consulta a bancos de dados móveis para análise e estabelecimento de prioridades em questão de segundos, visando “prever” onde é mais provável que determinada ocorrência aconteça.
 
Os fatores de sucesso para integrar projetos de Centros de Controle de Próxima Geração podem ser divididos em 3 partes. Primeiro, colocar o fator humano como o recurso mais importante para a tomada de decisões, e desse ponto podem derivar as necessidades das diversas posições de segurança pública. Em segundo lugar, garantir uma arquitetura tecnológica especializada em Centros de Controle de Próxima Geração, pensando em novos esquemas de serviços administrados e de manutenção que rentabilizem os orçamentos. E, em terceiro, a unificação de comunicações em combinação com as tecnologias legadas, criando ecossistemas que integrem outros departamentos e agências do governo, para compartilhar recursos e vantagens a partir de economia de escala.

Os Centros de Controle de Próxima Geração são projetos feitos sob medida que requerem experiência e conhecimento, seja para uma cidade grande ou pequena. Contar com a assessoria adequada tornará o caminho mais fácil e, principalmente, amplia as possibilidades de sucesso das missões policiais para prover a segurança ao nível que a população tem direito.


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[1] Descubra novos padrões de crimes ocultos em seus dados, estudo da Motorola Solutions, 2018.

*Elton Borgonovo é presidente da Motorola Solutions no Brasil

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