O momento dos microsserviços no banco digital
Por mais de um ano, os clientes não conseguiram entrar nos bancos e falar pessoalmente com um representante de vendas, como antes. Portanto, não é de se estranhar que as fintechs experimentavam um forte crescimento. Na verdade, esses tipos de empresas que se concentram em recursos como troca de ativos digitais, pagamentos, poupança e gestão de patrimônio relataram um aumento de 13% no número de transações e um aumento de 11% nos volumes de transações durante a pandemia do COVID-19, de acordo com a uma pesquisa do Banco Mundial, do Center for Alternative Finance da Universidade de Cambridge Business School e do World Economic Forum.
Os bancos tradicionais que tiveram que mudar para o autosserviço digital durante a noite devido à pandemia também tiveram que garantir que tinham um conhecimento adequado da lucratividade de sua base de clientes para serem capazes de se adaptarem aos padrões negativos à medida que surgiam (por exemplo, em torno da gestão de inadimplência em empréstimos). Além disso, em vários países tiveram que estabelecer processos para o rápido desembolso de estímulos econômicos relacionados à pandemia.
Por outro lado, apesar dos sinais encorajadores de crescimento nos últimos 18 meses, o maior desafio para as fintechs é construir sua base de clientes. A boa notícia para esta nova geração de negócios é que os consumidores mais jovens, com menos de 30 anos, procuram soluções digitais que lhes proporcionem uma experiência bancária mais pessoal. Na verdade, de acordo com a pesquisa de atitudes bancárias da “geração Y” (conduzida pela Oracle Financial Services), 56% mudariam para uma solução bancária oferecida por empresas como Apple ou Google.
Mas não basta conquistar clientes, é preciso proporcionar-lhes uma ótima experiência, oferecer-lhes o produto certo, o serviço ideal e na hora certa. E manter a promessa. O caminho mais claro para isso é abandonar as demoradas implementações de serviços financeiros monolíticos que afirmam abranger todo o conjunto de ofertas de serviços financeiros, e migrar para uma arquitetura nativa da nuvem baseada em “microsserviços”.
Para fornecer os novos serviços bancários de que os clientes precisam, os bancos tradicionais devem transformar digitalmente suas operações bancárias básicas. Para responder a essas necessidades de mudança, existem serviços em nuvem para instituições financeiras para a cadeia de abastecimento, gestões de liquidez e de contas virtuais. Como cada serviço em nuvem é construído em uma arquitetura de microsserviços adaptável, os bancos podem “conectar” estrategicamente esses serviços, que incluem inteligência artificial integrada e recursos de aprendizado de máquina.
Essa abordagem de tecnologia para serviços financeiros pode mudar drasticamente a forma como os bancos fazem negócios, o que não é um esforço muito pequeno em um setor global altamente regulamentado. Felizmente, os regulamentos têm sido mais abertos à nuvem, implementando diretrizes sobre privacidade e segurança de dados e estabelecendo regras sobre o armazenamento de dados ou onde estão as informações dos cidadãos.
Além disso, a experiência bancária do cliente está mudando. Hoje é principalmente digital e baseado em nuvem. Os clientes veem menos cheques em papel (alguns bancos estão começando a permitir que sejam carregados como fotos). Eles usam seus dispositivos móveis para transferir dinheiro ou fazer compras. À medida que os atritos com o cliente são reduzidos ou eliminados, as empresas de serviços financeiros “nascidas na nuvem” estão mais bem posicionadas para oferecer uma experiência incomparável ao cliente, e os bancos tradicionais precisarão melhorar para competir no mercado moderno.
Não se trata apenas de fornecer segurança de gerenciamento de dados tradicional e recursos de negócios. Trata-se de ajudar os bancos a incorporar tecnologias modernas, inovadoras e transformadoras à própria estrutura de seus sistemas bancários.
*Rodrigo Solon é vice-presidente de Aplicativos para Oracle Brasil