Opinião

Protegendo os investimentos em IA: enfrentando os principais imperativos de segurança

A IA deixou de ser uma promessa e já ocupa papel central na transformação digital no Brasil e no mundo. Mas seus benefícios só serão plenamente alcançados se os riscos forem enfrentados com seriedade e estratégia.

Por Caroline Maneta*

A inteligência artificial (IA) está transformando setores inteiros, impulsionando a inovação, otimizando operações e promovendo crescimento em todo o mundo — e o Brasil não é exceção. Empresas e governos estão aproveitando o potencial da IA para aprimorar a experiência dos cidadãos e consumidores, aumentar a produtividade e conquistar vantagem competitiva.

Projeções da consultoria IDC indicam que a IA poderá adicionar trilhões de dólares à economia global até 2030, e o Brasil está bem posicionado para capturar parte significativa desse valor. No entanto, à medida que a adoção da IA acelera, surgem novos desafios de segurança, exigindo atenção cuidadosa para proteger esses investimentos.

O sucesso da IA depende da atenção das organizações a três imperativos de segurança: gerenciar os riscos associados à tecnologia, se defender contra ataques aprimorados por IA e utilizar a própria IA como aliada para fortalecer a segurança.

Gerenciando os riscos do uso da IA


A dependência da IA por grandes volumes de dados impõe desafios únicos — especialmente em um país como o Brasil, que conta com legislações rigorosas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Os modelos de IA são treinados e ajustados com base nesses dados, o que torna sua proteção essencial. Além disso, a União Europeia tem reforçado suas políticas com normas como o AI Act, o DORA, a Diretiva NIS2 e o Cyber Resilience Act — um cenário regulatório que, embora europeu, serve de referência para o Brasil no debate sobre governança e cibersegurança em IA.

Além da proteção de dados, o ciclo de vida da IA envolve riscos amplos relacionados à disponibilidade dos sistemas, integridade dos dados, conformidade e governança. A boa notícia é que princípios clássicos de cibersegurança — como acesso com privilégios mínimos, autenticação robusta, monitoramento contínuo e filtragem de entradas e saídas — continuam sendo eficazes. No entanto, para aplicá-los com sucesso em ambientes baseados em IA, é fundamental capacitar as equipes de segurança para lidar com as especificidades dessas tecnologias.

Também é essencial adotar uma abordagem multidisciplinar que considere riscos éticos, culturais e de segurança. Estruturar uma governança robusta para a IA, com participação de diferentes áreas da organização, é o primeiro passo para equilibrar inovação, conformidade e proteção de forma estratégica.

Combatendo ameaças potencializadas por IA

Embora a IA ofereça oportunidades transformadoras, ela também está sendo usada por agentes mal-intencionados para tornar os ataques cibernéticos mais rápidos, complexos e difíceis de detectar. Golpes de engenharia social, fraudes sofisticadas e e-mails de phishing gerados por IA já causam prejuízos significativos, com destaque para os deepfakes presentes em tentativas de enganar organizações e pessoas.

Embora muitas dessas ameaças derivem de métodos já conhecidos, a sofisticação das ferramentas exige evolução das defesas. Adoção de soluções de segurança baseadas em IA e treinamento constante de equipes e usuários são etapas essenciais para lidar com esse novo cenário.

Organizações devem se preparar para um ambiente em que os ataques ocorrem na velocidade das máquinas. Migrar para uma postura defensiva automatizada é fundamental para reagir com agilidade e mitigar danos. Em breve, veremos um cenário de “IA contra IA” no combate cibernético.

Usando IA para fortalecer a segurança

As capacidades da IA podem ser grandes aliadas da cibersegurança. Com sua habilidade de identificar vulnerabilidades, prever riscos e acelerar respostas, a tecnologia se consolida como um recurso estratégico. De acordo com o estudo Estado da Inovação e IA 2025, da Dell Technologies, 93% dos respondentes brasileiros afirmam que a IA generativa irá aumentar significativa suas operações de segurança, e 83% concordam que equilibrar aspectos de segurança com a inovação na era da IA é um desafio que precisa estar na pauta.

A adoção dessas tecnologias depende, em muitos casos, de parcerias com provedores especializados. É fundamental preparar os processos internos e organizar os dados para que a IA funcione com sua máxima eficiência. Uma abordagem centrada na automação será indispensável para um futuro marcado por ameaças autônomas.

Construindo um futuro resiliente

A IA deixou de ser uma promessa e já ocupa papel central na transformação digital no Brasil e no mundo. Mas seus benefícios só serão plenamente alcançados se os riscos forem enfrentados com seriedade e estratégia. Proteger as capacidades da IA requer incorporar princípios de cibersegurança da concepção ao uso em produção.

As organizações que encararem esse desafio com inovação e responsabilidade estarão à frente. Ao enfrentar os três imperativos — gerenciar riscos, combater ameaças e usar a IA para proteger — será possível explorar todo o potencial da tecnologia e navegar comsegurança pelas exigências regulatórias e ameaças digitais.

Com segurança, a inovação promovida pela IA poderá gerar crescimento sustentável para empresas brasileiras, preparando-as para prosperar em um mundo cada vez mais digital e orientado por dados. O futuro pertencerá a quem souber inovar com responsabilidade.

* Caroline Maneta é líder de Plataforma de Segurança da Dell Technologies no Brasil

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