Provedores: cuidado com o mercado cinza de equipamentos
Atualmente, profissionais do setor de telecomunicações têm debatido bastante sobre o presente e o futuro dos serviços de conectividade no país, e também sobre oportunidades de novos negócios. Mas em tempos desafiadores para a economia brasileira, é importante não só a conquista de novos contratos, como também a diminuição dos custos já existentes para os ISPs. Na busca por essa redução, muitos provedores regionais acabam adquirindo equipamentos de rede fora dos distribuidores autorizados pelos fabricantes, mas essa economia imediata pode sair bem cara no futuro.
A cadeia de comercialização de equipamentos de rede é complexa e envolve uma série de tributações na importação, além de padrões técnicos previamente definidos pelo governo brasileiro. Toda essa parte é administrada pelos fabricantes, que selecionam criteriosamente parceiros e distribuidores para atender a demanda dos provedores. Paralelamente existe um mercado que importa equipamentos ilegalmente, e que, apesar de funcionarem, geralmente são antigos ou fora dos padrões nacionais. Os ISPs que decidem se aventurar por esses meios ganham – mesmo que pouco – no custo, mas perdem muito com a falta de atendimento personalizado, possíveis customizações de software que se adequem a cada negócio, “tropicalizações” dos produtos, garantia e, especialmente, de suporte.
Ao comprar diretamente do distribuidor autorizado, os ISPs têm total acesso ao suporte oferecido pelo fabricante, desde o momento da implementação até no uso diário dos equipamentos. Além disso, os provedores regionais conseguem ter acesso à tecnologia de ponta, utilizada pelas grandes operadoras, a preços acessíveis, sobretudo se levarmos em conta a característica future-proof dos produtos autorizados – ou seja, a possibilidade de fácil atualização, trocando apenas pequenas peças ou atualizando o firmware. Isso impacta diretamente no custo de longo prazo para os ISPS, tornando insignificante a economia inicial obtida pela compra no mercado paralelo.
Porém o fator mais preocupante nessa situação é o futuro do negócio. A fiscalização por parte da Anatel tem aumentado nos últimos tempos e os ISPs que não estiverem em conformidade com os padrões técnicos e comerciais definidos pelo órgão podem ficam expostos a sérias sanções, que podem comprometer a saúde da empresa. Provedores regionais que, ao atingirem uma base interessante de clientes, tiverem a oportunidade de vender a empresa para uma grande operadora, também podem ter seus negócios prejudicados, seja com a não finalização da transferência ou com uma perda de valor de mercado.
A preferência por distribuidores autorizados traz vantagens sólidas, não apenas para os ISPs, mas também para toda a cadeia de valor do negócio. Quem se preocupa tanto com o futuro a longo prazo da empresa, quanto com a qualidade do serviço oferecido aos assinantes, deve levar a sério a procedência dos produtos e equipamentos de sua rede.
*Diego Valeriano é gerente de contas da ZTE do Brasil