Opinião

Serviços de Valor Agregado são a aposta das teles para lucrar com 5G

A Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) aprovou o leilão das faixas de radiofrequência que serão utilizadas para a prestação de serviços da conexão 5G no país, um passo importante para que a tecnologia seja implementada no país.

E, como acontece em momentos de troca de tecnologia, a criação de uma nova infraestrutura se apresenta como um grande desafio para as companhias do setor de telecomunicação. Não só pelas particularidades do 5G — como a necessidade de um número maior de antenas para viabilizar a conexão —, mas pelos altos custos envolvidos nesse processo.

Leonardo Euler de Morais, presidente da Anatel, informou durante a entrevista coletiva anunciando o leilão que estudos preliminares apontam que as licenças dos serviços de telefonia 5G devem ficar entre R$ 33 bilhões e R$ 35 bilhões. O executivo apontou que esse valor será menor pois a agência apresentará contrapartidas de investimento aos concorrentes. Porém, os investimentos deverão ficar na casa dos dois dígitos.

Pensando em um cenário de negócios, como as empresas de telefonia podem recuperar o valor que será investido nessa implementação e lucrar com essa tecnologia, dentro de uma realidade na qual a oferta da conexão já virou um serviço básico? Uma aposta para essas empresas está na oferta de Serviços de Valor Agregado, mais conhecidos pela sigla SVA.

Fonte paralelas de receita


Serviço de valor agregado é um termo utilizado dentro da área de telecomunicações para classificar as ofertas que não o pacote normal de serviços oferecidos. Anos atrás, a oferta de SMS ou de acesso à internet era um serviço de valor agregado para as operadoras, por exemplo. Atualmente, as empresas do setor buscam renda extra por meio de parcerias com outras empresas (como serviços de streaming) e ofertas de conteúdos para públicos segmentados, como crianças e fãs de esportes.

Levando esse conceito de SVA para o 5G, as empresas do setor podem oferecer aos usuários conteúdos relacionados à realidade virtual, tecnologia que deve se expandir de forma significa com essa conexão, e também serviços em separados para conectar residências de forma contínua e segura.

A oferta de serviços de valor agregado fica ainda maior quando pensamos no uso do 5G em ambientes industriais. Tecnologias como machine to machine (M2M) e IoT devem ser exploradas de forma significativa por vários negócios e a criação de pacotes especiais para essas atividades deve ser uma das principais frentes de venda das teles. Essa conexão veio para revolucionar a vida das indústrias em aspectos que vão do alto ganho de produtividade à capacidade de comunicação de toda a cadeira de produtos.

O que vem pela frente

Porém não podemos ignorar os desafios que as empresas do setor terão que superar para alcançarmos esse momento:  o primeiro tem a ver com construção de um número de antenas pelo menos cinco vezes maior do que as instaladas parao 4G. A obtenção de licenças pelas prefeituras para essas construções e a execução em si serão tarefas bem trabalhosas.

E tudo isso precisa ser feito sem esquecer dos problemas atuais, especialmente quando falamos de operadoras: nos topos de rankings de empresas com mais reclamações por parte dos clientes, ainda se faz necessária a adoção de processos e tecnologias que melhorem a satisfação de seus usuários.

Apesar de todas essas questões, a chegada do 5G deve ser vista como um grande centro de oportunidades que ela apresenta para os negócios e o público geral. Como um dos 5 países que mais usa a internet no mundo, o Brasil tem condições de explorar essa tecnologia e encontrar formatos de uso e de rentabilidade não avaliados em lugar algum no mundo.

* Luiz Pereira é Head comercial na Plusoft para as áreas de Telecom, Utilities e Educação.

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