Opinião

Um caminho para as cidades inteligentes no Brasil

O conceito de smart cities (cidades inteligentes) está cada vez mais familiar e consolidado em diversos segmentos, além daqueles a que se destina originalmente: as entidades públicas municipais e estaduais. Pilares fundamentais, como plataformas abertas e orientadas aos cidadãos, uso efetivo em situações reconhecidamente deficitárias, melhoras no processamento e inclusão de inteligência e disponibilização de informação e recursos são algumas das necessidades observadas inicialmente, bem como novos modelos de negócios e parecerias público-privadas (PPPs). O que precisa ser consolidado, no entanto, é o caminho para a grande quantidade de informações a serem geradas.

Um dos possíveis conceitos abordados com as cidades inteligentes é o de IoT, ou Internet das Coisas, a partir do qual dispositivos como sensores conectados em rede à uma nuvem com plataformas especiais de processamento, big data ou aplicações das mais simples às mais complexas, fornecem serviços e soluções inovadoras à população. Sim, a IoT pode, por exemplo, ser usada para conectar máquinas com máquinas (M2M), que, por sua vez, se conectam à aplicações e pessoas, resolvendo situações complicadas, que dificilmente seriam solucionadas sem essa modernidade. É consenso que a interconectividade nas plataformas aumenta a necessidade de intercomunicações, de forma nova e única.

Por exemplo, para interconectar uma infinidade de sensores e atuadores (elemento que realiza o comando recebido de outro dispositivo), é necessária uma solução de acesso sem fio fixa (normalmente sem fio e sem mobilidade) confiável, porém com baixo tráfego e baixo consumo de espectro e de energia. Pronto, esse é o cenário das novas redes LPWA (low power wireless access), conceito que também já está bem consolidado. Mas qual o caminho para viabilizar as redes LPWA? Em qual espectro? Quais entidades podem fazê-lo ou criar essa nova conectividade?

Duas possibilidades macro podem ser analisadas: via rede de operadoras e via redes próprias privativas para as soluções de smart cities. Mas qual o melhor caminho? Aliás, será que o primeiro caminho existe? Em muitos municípios, principalmente os com menor densidade populacional, a opção via operadora pode não existir, seja pela inexistência de uma infraestrutura adequada da operadora, ou até mesmo, por eventual falta de interesse no negócio em determinadas cidades. Restaria, portanto, checar a viabilidade de uma rede nova ou alternativas às grandes operadoras, focada nas necessidades do município e seus projetos de smart cities.

É aí que começam os desafios para um caminho ao tráfego de acesso. Os espectros dedicados são normalmente propriedade (concessão) das operadoras. Por isso, é necessária uma análise sobre quais seriam as alternativas mais claras e seguras, que possam se consolidar para espectros licenciados, para que os municípios ou seus parceiros tenham redes próprias. Afinal, qual seria a segurança do desempenho a longo prazo em espectros não dedicados? Nesse cenário, um caminho pode estar se abrindo para os novos ISPs, provedores alternativos, que compraram espectro recentemente no leilão de sobras da Anatel.


Esses espectros são dedicados aos pequenos e médios provedores, e permitem implementação de redes LTE, por exemplo. Com o advento do NB-IoT (IoT em banda estreita dentro de redes LTE, padrão aberto do 3GPP), uma oportunidade de demanda adicional ao simples acesso fixo banda larga sem fio está surgindo. Em municípios pequenos, ter uma demanda de serviço adicional e que ainda consuma pouca banda do escasso espectro, pode ser uma boa simbiose entre ISPs e municipalidades/PPPs. Pode até mesmo ser o diferencial que ajude viabilizar o plano de negócios do primeiro e facilite a vida e a operação da rede, do ponto de vista dos municípios, mostrando-se como alternativa interessante a um caminho para o tráfego de acesso sem fio nos projetos de cidades inteligentes.

*Tarcisio Bruneli Pilati é gerente de pré-vendas da ZTE do Brasil

 

 

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