Arsenal de malware da CIA reforça defesa de tratado global
As revelações do WikiLeaks sobre o uso que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) faz de ferramentas de ciberespionagem mostram os riscos da vigilância em massa e fortalecem a defesa de uma regulamentação internacional, pontuou o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito à privacidade, Joe Cannataci.
“Provavelmente a verdadeira história aqui é que alguém conseguiu entrar nos espaços supostamente seguros da CIA, extrair e publicar estas coisas”, disse à Reuters. Cannataci, durante reunião na ONU, exortou os Estados a trabalharem para criar um tratado internacional que proteja a privacidade das pessoas, dizendo que as salvaguardas tradicionais se tornaram obsoletas na era digital.
“A história sobre as técnicas de hackeamento da CIA no WikiLeaks é mais uma prova, se alguma é necessária, de que as agências de inteligência e os dados que coletam muitas vezes são tão vulneráveis quando os de qualquer um e que elas não deveriam estar correndo o risco de coletar enormes quantidades de dados sobre todos nós de maneira indiscriminada”, afirmou.
Cannataci citou indícios de que informações coletadas por países, inclusive por meio da aquisição em larga escala e da vigilância em massa, estão cada vez mais vulneráveis a invasões virtuais de governos estrangeiros ou do crime organizado.
A ideia de um tratado internacional já foi defendida pelo ex-espião para os Estados Unidos, Edward Snowden. Em 2015, ele defendeu a redação de um acordo internacional sobre direitos de privacidade. O tratado teria cláusulas contra a vigilância inadequada e a favor da proteção aos delatores, num momento em que afirma haver mais países ampliando suas capacidades de espionagem.