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Segurança

TI está sobrecarregada e ataques cibernéticos viram rotina no governo

Os vazamentos de dados tendem a ser rotina em sistemas de TI governamentais pela simples falta de mão de obra qualificada. Assim avalia o presidente da Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação, Thiago de Aquino Lima. “Tem 380 cargos vagos. Qual é o mínimo? Que estudo mostra que 450 pessoas é o mínimo para a demanda de TI de mais de 150 órgãos do Executivo”, afirma. 

“Daqui para frente esse tipo de incidente vai ser como chuva. Hoje choveu. Hoje não choveu. Acho que o governo só vai acordar quando der um problema gigante, quando for invadida uma base da dados do Bolsa Família e excluir todos os usuários, alguma coisa desse tipo. É impressionante. Não têm pessoas. São 450 em tecnologia. E vazando para a iniciativa privada, para o Judiciário, para a Polícia Federal. Está a beira do colapso. Não tem gente para pensar, para planejar um plano de ação, uma estratégia. Cada ministério são 30, 40 contratos para gerenciar. Como planejar? Difícil demais.”

Na quarta, 17/2, a página web do Datasus sofreu um ataque no qual o hacker deixou um recado sobre a má qualidade da segurança – um primeiro ataque semelhante foi realizado há cerca de três semanas. Em episódios não relacionados, desde lá o vazamento de dados pessoais de 200 milhões ou 100 milhões de pessoas, a depender do caso, é tema permanente.  

“Já falamos com o secretario do Ministério da Economia. Já tentamos falar com o secretário especial Caio [Mario Paes de Andrade], mas ele não nos recebe. Já tentamos falar com o [ministro, Paulo] Guedes, mas aí que não recebe mesmo. A gente precisa urgente reter quem temos. Nos últimos dias perdemos cinco ATIs. Um cara desse gerencia sete, oito contratos. Faz o que? Passa para outro ATI, que já está gerenciando cinco, seis contratos. A chance de dar certo é minúscula”, emenda o presidente da Anati, sempre reforçando a falta de gente da TI governamental como fator determinante para a qualidade dos sistemas. 

“Se tem concurso para a Polícia Federal, para a Polícia Rodoviária Federal, tem que fazer concurso na área de tecnologia. E precisa valorizar a carreira para trazer os melhores especialistas. Mas o analista de tecnologia no governo ganha entre 24% e 170% menos que na iniciativa privada. Tem 380 cargos vagos. Podia tentar atrair os melhores do país. Mas só fala de Estado Mínimo. Qual o mínimo? Tem algum estudo que mostre que 450 é o mínimo para gerenciar demanda de tecnologia de mais de 150 órgãos do Executivo?”


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