Segurança

Vazamento de dados, golpes e ataques malware ameaçam economia digital no Brasil

Com a Covid-19, a economia digital explodiu. O súbito aumento de transações digitais e modalidades de pagamento propiciou inúmeras novas possibilidades de fraude para os criminosos. Enquanto profissionais antifraude se esforçavam para proteger as transações da melhor forma possível, os golpistas se concentravam principalmente em esquemas relacionados à pandemia e ataques de engenharia social.

Mas, esse ano, a economia digital e a “economia global de golpes”, como cunhado pela Javelin, vieram para ficar — e se desenvolveram paralelamente. De acordo com o relatório, os esquemas de 2020 foram substituídos por uma abundância de golpes: golpes de romance, oportunidades falsas de trabalho remoto e esquemas de investimento populares, entre outros.

Um estudo produzido pela Javelin e pela empresa de análise SAS sobre o cenário de fraudes em 12 países, entre eles o Brasil, mostra que país está à beira de um enorme crescimento digital que depende de como os serviços financeiros podem ser democratizados. Os brasileiros passam em média 3 horas e meia online por dia usando plataformas de mídia social, como o Facebook, Instagram e YouTube. Isso faz com que o Brasil fique atrás apenas dos Estados Unidos em termos de uso geral de mídias sociais.

A desvantagem dessa adoção generalizada é a proliferação de desinformação. Como em todos os outros lugares do mundo, os golpes se aproveitam de usuários online menos experientes que podem ser enganados para fazer pagamentos ou enviar dinheiro para ajudar um parente, financiar campanhas de justiça social e instituições de caridade, por exemplo.

Em termos globais, as tendências são mais ou menos idênticas, porém, certos tipos de fraude se manifestam e crescem de forma diferente de acordo com a região e o país, desafiando profissionais antifraude, autoridades e governos locais. Entre as tendências regionais e os temas de referência nacionais divulgados no estudo de 12 países, estão:


América do Sul – A cultura de pagamentos peer-to-peer (P2P) está se expandindo no Brasil com o PIX, e o investimento em fintechs voltadas para os cidadãos sem conta bancária atingiu níveis recordes. Ainda assim, a proliferação de vazamentos de dados, golpes e ataques de malware ameaçam o enorme potencial de crescimento digital do país, exigindo proteções robustas contra fraudes e segurança corporativa;.

África – O novo Programa de Pagamentos Rápidos da África do Sul não só promove pagamentos mais rápidos, mas também os formalizam, ajudando a reduzir os crimes em dinheiro vivo, que há tempos atormentam o país. Espera-se que a modernização dos pagamentos também ajude o país a combater práticas de lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo entre fronteiras, identificando com precisão os remetentes e os destinatários;.

Ásia-Pacífico – De acordo com um executivo do setor bancário de Singapura, “os criminosos são muito sofisticados”, com ligações automáticas, vishing e phishing que afetam os cidadãos com conexões globais que acessam suas contas principalmente pelo celular. Em resposta, as instituições financeiras de Singapura vêm adotando notificações push para os titulares de contas e limites diários de transações. O Aadhaar, sistema de identificação biométrica digital da Índia, conta com 1,3 bilhão de cidadãos inscritos (99% dos adultos indianos), servindo como modelo global para outros países, incluindo Malásia e Sri Lanka. Na Austrália, a verificação de identidade digital oferecida pelo ConnectID e pelo myGovID tem substituído progressivamente as credenciais tradicionais. A China tem visto a adoção impressionante de um ecossistema alternativo de pagamento digital fornecido pela gigante das mídias sociais WeChat, e o QR cCode domina os pagamentos digitais.;

Europa – No Reino Unido, o open banking continua impulsionando a inovação digital, e o Bank of England está cogitando uma moeda digital própria do banco central. A França consolidou mudanças definitivas nos hábitos de compra e pagamento digital dos consumidores, junto com a implementação de um programa de identidade nacional para smartphones. Mesmo com os conflitos políticos e ambientais que desafiaram o setor financeiro da Itália, mais de 30 milhões de cidadãos adotaram o Sistema Público de Identidade Digital. Enquanto isso, o crime organizado levou a Europol a realizar uma campanha nacional de conscientização sobre as mulas de dinheiro;.

 América do Norte – Os empréstimos incorporados e o financiamento Buy Now, Pay Later (BNPL) estão crescendo em todo o mundo, mas principalmente nos Estados Unidos, onde mais de dois terços dos consumidores afirmam que é “provável” ou “muito provável” que utilizem o BNPL novamente após o primeiro uso. O aumento exponencial das fraudes com BNPL assombra os órgãos reguladores, comerciantes e plataformas de pagamento. O serviço de pagamento instantâneo FedNow, da Reserva Federal, foi lançado recentemente, prometendo pagamentos mais seguros e maior interoperabilidade. No Canadá, o programa de identidade nacional está ajudando a criar uma infraestrutura para que os cidadãos acessem serviços governamentais, financeiros e de saúde com facilidade. No México, os cartões de débito pré-pagos continuam em alta, enquanto as opções avançadas de pagamento digital alimentam o desenvolvimento do e-commerce.

“Só nos Estados Unidos, os consumidores perderam US$ 8,8 bilhões em golpes no ano passado —- um salto de mais de 30% entre 2021 e 2022 —- de acordo com a Comissão Federal de Comércio”, diz Stu Bradley, vice-presidente sênior de inteligência de fraude e segurança do SAS. “A confiança do consumidor no ecossistema global de pagamentos digitais é imprescindível, e ela se baseia no uso eficaz, por parte das empresas, de tecnologias avançadas de autenticação de clientes e antifraude, incluindo IA, machine learning e biometria, para detectar e prevenir fraudes em todos os canais”, completou o executivo.

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