Segurança

Vítimas de golpes financeiros sentem risco permanente

Um dos destaques do evento “Como os brasileiros lidam com dinheiro e o que fazer para melhorar”, realizado nesta terça-feira, 21, em São Paulo, foi a apresentação dos resultados de uma pesquisa que avaliou o impacto dos golpes envolvendo meios de pagamento em suas vítimas. 

De acordo com Álvaro Machado Dias, professor do laboratório interdisciplinar de neurociências clínicas EPM-Unifesp e um dos coordenadores da pesquisa, uma das constatações do estudo é que a digitalização dos meios de pagamento aumentou os golpes e a sensação de impotência de suas vítimas.

“Estes golpes acontecem desde que o mundo é mundo, mas houve uma explosão com os chegada dos aparelhos celulares”, diz. A situação piorou com a implementação do PIX que, por ser instantâneo e não contar com retenção de valores, torna a reversão dos golpes muito mais complexa, já que é muito difícil rastrear o dinheiro. Não por acaso, os sequestros relâmpagos cresceram 35% em São Paulo a partir da chegada do PIX.

Para a realização do estudo, a equipe de Dias realizou o mapeamento cerebral de cada um dos entrevistados, identificando suas reações em relação às lembranças trazidas por estas experiências. Uma das medidas obtidas foi o estresse cerebral, que ajuda a avaliar as memórias de experiências negativas, ou trauma, que costuma trazer efeitos muito mais custosos que o golpe em si.

“O que vimos foram fortes efeitos negativos em que passou por golpes e outros eventos estressantes, o que gerou sentimentos de desamparo, raiva, tristeza e indignação”, revela. Para medir estes efeitos, os entrevistados assistiram um vídeo com o relato da uma experiência de sequestro relâmpago. Em todos os casos o impacto negativo foi superior a 75%, com picos de 100%.


Questionados sobre estes sentimentos, 92% dos entrevistados disseram que a falta de informações sobre o PIX os deixou vulneráveis. “O sujeito, depois que perdeu dinheiro em um golpe, vive uma angústia continuada por dificuldade para encontrar o caminho para esse ressarcimento”, afirma, lembrando que 96% dos entrevistados se sentem permanentemente expostos aos riscos de um golpe depois que passam por um.

A vulnerabilidade também é um sentimento comum e está relacionada não apenas aos golpes, mas também a insegurança física. Por tudo isso, 100% dos entrevistados consideram importante haver uma maior regulação em relação à segurança do usuário. “Em resumo, há uma forte sensibilização de opinião pública sobre as pessoas e as lesões emocionais são tão ou mais importantes que as financeiras. Por isso é fundamental oferecer soluções consistentes para estes problemas”, diz.

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