5G exige novo modelo para conta fechar
Avanço das novas redes ainda não garantiu monetização do 5G
Mesmo com avanço na implementação do 5G e no cumprimento das obrigações de cobertura, as operadoras de telecomunicações ainda não encontraram o modelo ideal para a monetização das redes.
“Temos que ajudar o mercado a criar novos casos que façam diferença com o uso de 5G, como a inclusão de Analytics e imagens, por exemplo”, afirmou o diretor de desenvolvimento de mercado IoT e 5G da TIM Brasil, Alexandre dal Forno, ao tratar do tema durante a Futurecom 2024.
Essa nova visão é necessária, por exemplo, no agronegócio, onde mais de 90% dos casos de uso são atendidos por redes 5G. “A questão do agro é conectividade, não a tecnologia da rede. O uso de uma colheitadeira conectada não faz sentido se este dado não puder ser transmitido”, lembrou o diretor de B2B da Vivo, Gabriel Domingos.
Para além do agro, as teles apostam na implementação de redes privativas. Para o diretor de marketing da Embratel, Alexandre Gomes, estas redes significam a entrega de uma estrutura digital mais robusta, geralmente adotada por empresas já maduras.
“O que leva a adoção das redes privativas é que os gestores entenderam que elas são mais uma ferramenta para viabilizar a transformação digital e entregar casos de uso que, de modo geral, os casos de uso já estão lá”, disse.
O diretor de soluções integradas da Huawei, Carlos Roseiro, lembrou que um caso de uso importante envolve as soluções de conexões fixas sem fio (FWA), adotada por empresas como backup. Para ele, “o amadurecimento do mercado virá em torno destas soluções, das redes privativas e do slicing de rede”.
Mas a evolução desses casos de uso não garante a monetização esperada pelas operadoras. Gomes, da Embratel, lembra que ainda faltam dispositivos conectáveis (além dos smartphones) e um agente orquestrador. “Quando entregamos uma solução de rede privativa, temos que assumir também a orquestração e a integração do ambiente”, apontou.
Para Domingos, da Vivo, a questão dos dispositivos atinge a todos. Ele também destacou a necessidade de mudança no perfil das próprias operadoras. “Agora seremos empresas de tecnologia que entregam mais do que conectividade. Precisamos nos conectar com fornecedores, clientes e startups, abrindo as portas da empresa para receber estes casos de uso e levá-los a nossos clientes”, defende.
Dal Forno, da TIM, reforçou que o mercado tem discutido muito pouco sobre a necessidade de mudança no modelo de negócio das operadoras. “Precisamos fazer a conta fechar e isso significa vender diferente. Se não pensarmos diferente como indústria, as coisas levarão mais tempo para acontecer”, afirma.
O analista sênior da Omdia, Ari Lopes, lembrou que no mercado B2B tem surgido opções de uso que permitem às operadoras terem conversas diferentes com seus clientes finais. “Muda a parceria que a operadora pode ter com seu cliente final, abrindo um leque de opções que só estamos começando a discutir”, disse.