5G só será adotado de forma massiva na América Latina a partir de 2022
Apesar do pioneirismo da Antel, do Uruguai, que no início do mês lançou a primeira rede 5G da América Latina, a nova tecnologia móvel só será disseminada na região a partir de 2022. É o que estimaram os participantes do 5G<E Forum Latim America, realizado entre os dias 24 e 25 de abril, no Rio de Janeiro. Para a CTO da Avantel, da Colômbia, Martha Liliana Romero, ainda há muitas indefinições no seu país com relação ao 5G, especialmente, na parte regulatória e da definição do espectro.
“Lançamos 4G em 2014 em várias cidades com roaming nacional e 85% dos assinantes já são 4G. Em 2015, fomos a primeira operadora da região a ter uma rede comercial com VoLTE e features 4.5G. Agora estamos testando aplicativo de voz com qualidade semelhante a do VoLTE. O tráfego cresceu 88% anualmente o que nos leva a aumentar a capacidade a cada seis meses. Esse é o desafio. A tecnologia 4G é um complemento do 5G”, diz a CTO da colombiana Avantel.
Ela destacou que os desafios para o desenvolvimento do 5G incluem requerimentos de marketing, infraestrutura e espectro. A CTO da Avantel observou que a Colômbia tem 400 MHz disponíveis na banda C na faixa de 3,3 GHz a 3,7 GHz, mas ainda não há nenhuma posição em relação às frequências mais altas das ondas milimétricas, e espera-se que a faixa de 600 MHz esteja disponível em 2022. Os desafios de infraestrutura incluem a disponibilidade de postes e torres e acessos nas rodovias e os altos custos de investimentos.
No Brasil, o consultor de evolução tecnológica da Claro, Carlos Alberto Camardella, defendeu que ainda é cedo para a América Latina implementar o 5G, recomendando esperar a tecnologia ficar mais madura. Na avaliação do especialista, o 5G é uma solução em busca de um problema e tem disponível apenas a banda larga aprimorada, que é boa para monetizar a rede mas não deve ser a principal opção. Isso porque,quando houver massificação de smartphones não haverá recursos suficientes.
“Esses serviços revolucionários são vão surgir quando o IoT Massivo e o ultra-reliable and low-latency communication (URLLC) estiverem efetivamente disponíveis. O usuário poderá contratar serviços como o faz hoje de uma OTT, a diferença é que as operadoras têm o controle da rede. A ideia é ter um sistema completo e não pedaços de uma nova tecnologia. E não sei se as redes privadas industriais vão mudar o jogo para as operadoras, que podem não ter preços competitivos para esse segmento. O 5G será uma rede de overlay onde o 4G já estiver esgotado”, defendeu Camardella.
O vice-presidente para a América Latina e o Caribe da 5G Américas, José Otero, discordou do executivo da Claro Brasil. Segundo ele, o 5G é mais que uma evolução com 4G, por alavancar novos serviços e permitir conectar 1 milhão de usuários por km2. Para ele, o 5G viabilizará a transformação digital de diversos setores e aliado ao uso das Internet das Coisas terá papel decisivo para melhorar a economia dos países. “O desafio é como vamos chegar ao 5G com regulação econômica adequada para as operadoras realizarem os investimentos. É preciso ver se há disponíveis requerimentos necessários em termos de espectro, backhaul e satélite”, recomendou Otero.
Para o consultor de tecnologia estratégica da Telefonica do Reino Unido, Abdus Saboor, o 5G é uma evolução das redes móveis atuais, mas não tem como foco a voz e, sim, na banda larga aprimorada para clientes industriais. Para ele haverá avanços com recursos de slicing e redes mesh. “Em relação ao espectro, o 5G exige um mix de baixas, médias e altas frequências. O 5G será uma amalgama de todas as frequências”, prevê Saboor.
Nirlay Kundu, engenheiro da Verizon, falou sobre a experiência da operadora com redes de padrão não proprietário e a convivência com fornecedores de pequeno porte. “Temos operadoras e legado de 4G funcionando muito bem. O desafio é como fazer a migração para o 5G sem jogar esse legado no lixo. Construir uma arquitetura na nuvem é um grande desafio”, afirmou Kundu.
O especialista em regulação da Anatel, Alex Pires de Azevedo, destacou que o Brasil já definiu para março de 2020 a data do leilão das frequências de 5G. Serão ofertadas sobras de 700 MHz (10 mais 10 Mhz), as faixas de 2,3/2,4 GHz; 3,3 a 3,6 GHz; e a onda milimétrica de 26 GHz. Os teste para avaliar a convivência do serviço móvel na banca C com o satélite, estão na fase final. No momento foram testados um equipamento 5G da Huawei e uma solução massivo Mimo em 4.5G da Ericsson no laboratório de rede da Claro no Rio de Janeiro. A Nokia não participa do teste porque já havia realizado um trial com a TIM.