5G: Teles insistem em filtro nas parabólicas e rejeitam migração da TV
Confiantes de que a Anatel vai aprovar o único modelo de filtro que, a princípio, atenderia as especificações para evitar interferências do 5G nas antenas parabólicas, as operadoras de telecomunicações reforçaram a preferência com um novo estudo econômico. Nas contas apresentadas pelo setor nesta terça, 15/10, e que serão levadas à Anatel e ao governo, a solução pela mitigação com filtros custaria R$ 224,1 milhões, enquanto a migração da recepção das TVROs para a Banda Ku exigiria R$ 1,8 bilhão.
“Queremos o melhor modelo que valorize os investimentos e tenha o menor custo social. E de fato existe essa solução, de maneira concreta e objetiva, com os novos filtros, que atendem com folga as especificações da Anatel. Faremos um roadshow para apresentar o resultado a todas as autoridades competentes. E vamos encaminhar esse estudo formalmente aos ministérios e à agência”, afirmou o presidente do sindicato nacional das teles, a Conexis, Marcos Ferrari.
O estudo, elaborado pela LCA Consultores, adotou aproximações uma vez que nem Anatel, nem governo, apresentaram exatamente qual é o universo de domicílios com antenas parabólicas a ser efetivamente contemplado por uma ou outra solução de convivência. A partir de cruzamentos de pesquisas do IBGE, a projeção do estudo é de que existem 1.375.703 residências onde vive pelo menos um beneficiário do Cadastro Únicos dos programas sociais e que só tem a parabólica como recurso para acessar a TV aberta.
Com o custo médio da mitigação com filtro estimado em R$ 162,92, conclui que essa solução custaria R$ 224,1 milhões. Já a migração, ou seja, levar a recepção das TVROs para a faixa acima de 10 GHz de forma a abrir espaço para um naco maior do 5G na banda média de 3,4 a 3,7 GHz – e portanto ocupando a recepção na chamada Banda C estendida – custaria aqueles R$ 1,8 bilhão. O valor implica em trocar kits de recepção em 4.838.405 domicílios, pelo custo médio de R$ 362.
“A migração deve ser descartada porque não fica restrita a quem sofre interferência. E o que sair como solução de interferência vai tirar recursos do 5G, na contramão do que a economia precisa hoje”, defendeu a diretora de regulação econômica da LCA, Cláudia Viegas.
Naturalmente, a premissa básica, não mencionada no estudo, é que desta vez os filtros realmente vão funcionar – algo que não aconteceu nos testes anteriores, mas que teria obtido sucesso nos mais recentes. O relatório final da Anatel sobre eles ainda não foi divulgado, mas as operadoras garantem que agora deu tudo certo. “Os testes foram acompanhados por todos os setores envolvidos. Apesar de não haver ainda o relatório formal da Anatel, já se sabe o desempenho dos LNBFs [filtros] testados e que um modelo excedeu a especificação mínima solicitada pela Anatel”, reforçou o consultor de engenharia de telecom da diretoria de evolução tecnológica de redes da Claro, Carlos Camardella.
Nesse caso, a decisão final envolve outras considerações. “Há segurança técnica para dizer que a mitigação é possível. A questão agora não é mais técnica, indo para ordem econômica e mesmo estratégica”, emendou o pesquisador do CPqD, Marcus Manhães.