Telecom

5G turbina redes neutras para nova expansão do mercado de telecom

O interesse de diversos grupos econômicos no leilão do 5G é sinal de uma nova etapa do setor no Brasil, segundo aposta o superintendente de Competição da Anatel, Abraão Silva. Para ele, o interesse de empresas na oferta de redes neutras abre caminho para uma nova expansão de atores, depois de anos de consolidação. 

“Estamos no momento mais interessante, mais revolucionário do setor desde a privatização. Tínhamos um monopólio e abrimos para vários. Esses vários foram se aglutinando, se consolidando. Teve um momento de expansão e de consolidação. E agora estamos em um novo momento de expansão do mercado, a partir do leilão do 5G”, disse Silva nesta quinta, 27/10, dia de habilitação das proponentes. 

Como visto, há 15 grupos interessados na disputa. “A gente fica bastante surpreso de ver que das 15, 10 são empresas que não têm outorga de SMP. Estamos falando de algo inédito e absolutamente fantástico para a promoção da competição. São 10 empresas novas no mercado móvel. Isso é bastante positivo”, emendou o superintendente. 

“Fala-se que a competição no Brasil está em risco, pela saída de um grande operadora. Mas se sai um operador e entram outros 10 querendo participar de licitação, na verdade temos é sede por competição e que a regulação da agência está sendo adequada”, insistiu Silva. 

O interesse de diversos grupos em redes “neutras” é um dos destaques do 5G. “O mercado está passando por uma mudança na cadeia de valor. Ninguém entra para fazer rede neutra para ninguém, vai fazer para alguém. Então o que vamos ter é uma racionalização de investimentos. O que antes era alguém fazer a rede toda e oferecer o serviço final, agora com alguém fazendo rede neutra, essa rede será vendida para outro que vai ofertar o serviço final. Sejam MVNOs, outras operadoras que vão prestar parte do serviço, isso vai acontecer. Se vender a faixa de 700 MHz para uma rede neutra, podemos dizer que vai ter outro operador no setor, uma nova rede. Quanto mais gente entrar, melhor.”


Para Silva, esse movimento dá condições ao surgimento de mais empresas de nichos, ou ainda o desenvolvimento maior das redes móveis virtuais. “Temos convicção de que há espaço para novos operadores de varejo em nichos de mercado. E isso vai ser viabilizado especialmente pelo mercado de MVNO, que com essas redes neutras vai ser completamente impulsionado. É uma entrada favorável. Elas podem ter uma faixa de 700 MHz nacional, uma faixa de 3,5 GHz nacional, ou faixas de 3,5 GHz regional, só para citar de exemplos mais apetitosos do que a gente escuta do próprio mercado.”

Para o superintendente, o forte peso dos compromissos associados às faixas não se mostrou um inibidor. “As obrigações somaram positivamente, porque conseguiu pegar um volume econômico de R$ 50 bilhões e ter arrecadado somente R$ 3 bilhões, divididos em condições de entrada, fato demonstrado na existência de 15 proponentes. Se teremos lotes vazios, é fato que toda a licitação sobra alguma coisa. Muito difícil não ter sobra nesse que é o maior da história. Nossa preocupação não é dar vazio, mas disponibilizar RF, porque RF na mão do Estado não gera nada, só tem utilidade quando tem serviço prestado.”

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