5G vai atrasar se teles tiverem que pagar limpeza da Banda C
O presidente da Claro, José Félix, disparou fortemente contra a possível inclusão dos custos de “limpeza” da faixa de 3,6 GHz no leilão do 5G, que se acredita será realizado em algum momento de 2021. Ao participar nesta terça, 15/9, do Painel Telebrasil 2020, Félix afirmou que a escolha pela solução mais cara para mitigar as interferências entre 5G e parabólicas só beneficia as emissoras de TV.
“Se a gente consegue mitigar com o uso de filtros essas eventuais interferências, a um custo estimado de R$ 500 milhões, por que faríamos uma migração que teria um custo estimado de R$ 3,5 bilhões? Isso representaria uma transferência de recursos públicos para a TV aberta por satélite. Tem que afastar esse risco, essa conversa, em função do lobby de empresas de radiodifusão, de migração para a banda Ku para liberar a banda C, em função do alto custo que isso representa.”
A Anatel vem repetindo que a mitigação das interferências na recepção das parabólicas é ordem do governo (Portaria 418/20, do ainda MCTIC) e que até agora os testes com os filtros mencionados pelo presidente da Claro não mostraram resultados satisfatórios. Por isso a construção do edital do 5G vai prevendo a migração dessa recepção na chamada banda C para outra fatia do espectro, a banda Ku (acima de 15 GHz).
“A gente também enxerga um risco fortíssimo de atraso na implementação do 5G, pois uma migração dessa natureza não é uma coisa simples, demandaria muito tempo. São discussões em que se perde muito tempo no país, sem um objetivo claro, sem nenhum sentido e o resultado é que acaba não se fazendo o que tem que ser feito.”
Ele também reiterou a defesa da Claro para que o leilão 5G não traga condições especiais para pequenos prestadores – o que afeta o desenho dos lotes – e garanta pelo menos 100 MHz na faixa intermediária (3,5 GHz) para os principais atores do mercado.
“O aproveitamento dessa tecnologia, com uma capacidade de banda maior, é muito mais eficiente. Achamos que 100 MHz é um ponto importante na questão do leilão. É o mínimo de banda para que as grandes operadoras tenham rede com boa qualidade de serviço. Esse é um ponto essencial. Esse leilão deve acontecer em condições isonômicas, sem privilégios para pequenos ou grandes. Também achamos que é importante que se tenha entre outras obrigações, a previsão do uso do espectro para a tecnologia 5G. A gente quer afastar o risco de aquisição de espectro por aventureiros ou especuladores que entrem no leilão com a intenção de revender tal espectro.”