Telecom

Anatel apreendeu mais de 340 Flipper Zero importados por suposto uso criminoso

A Anatel, em trabalho conjunto com a Receita Federal, já apreendeu mais de 340 aparelhos Flipper Zero no momento em que os dispositivos importados chegam ao Brasil. Segundo a agência, a medida se justifica pela capacidade desses equipamentos de hackear redes de telecomunicações. 

Trata-se de um dispositivo que usa um transceptor infravermelho, leitor/emulador de RFID, rádio definido por sofwtare e recursos Bluetooth capaz de fazer clonagem de chaves digitais. O preço sugerido pelo fabricante é de US$ 169 (R$ 880), mas é possível encontrar em marketplaces online por até R$ 4,5 mil. 

Em resposta ao Convergência Digital, a agência diz que “em estudos preliminares realizados pela Anatel, o Flipper Zero e produtos similares podem possuir potencial lesivo aos usuários. Segundo se depreende de informações colhidas no site do próprio fabricante (https://flipperzero.one), o Flipper Zero é um dispositivo multiteste, construído em código aberto e personalizável, com potencial para copiar (hackear) sistemas de rádio, sistemas de controle de acesso,  hardwares e outros protocolos de comunicação, com ou sem fio”.

Ainda segundo a Anatel, “de acordo com o que foi verificado no site do fabricante, o dispositivo possibilita que o controle remoto de portões eletrônicos, sistema de segurança residencial, chaves de carro, entre outros, possam ser copiados. Se a cópia for realiza sem o consentimento do proprietário do dispositivo copiado, esta ação pode resultar em prejuízos pessoais e financeiros”.

Nos últimos dias, por conta das críticas da Eletronic Frontier Foundation (EFF) ao posicionamento da Anatel, o movimento da agência brasileira repercutiu no exterior e também por aqui. A EFF destaca que o equipamento se vale de tecnologias conhecidas e disseminadas, apenas sendo capaz de funcionar de forma fácil e com um dispositivo portátil. 

“A invasão maliciosa que preocupa a Anatel e que o Flipper Zero permitiria depende das vulnerabilidades dos sistemas – esses são os problemas reais que merecem uma correção. Mas só podemos corrigir falhas de segurança quando sabemos que elas existem, e é para isso que serve a pesquisa de segurança”, apontou a entidade. 


A agência, no entanto, sustenta que pode barrar a homologação por entender que o dispositivo se enquadra nas regras previstas para o indeferimento, notadamente no trecho da Resolução 715/19 que menciona essa possibilidade quando “o produto se prestar a fins ilícitos, ou concorrer à facilitação de crime ou contravenção penal”. Daí, explica, “a Anatel tem negado os pedidos de homologação deste tipo de produto”.

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