Anatel investiga uso de software espião da ABIN em redes de Vivo, TIM e Claro
A Anatel abriu processos para investigar o envolvimento das operadoras Vivo, Claro e TIM na espionagem de celulares pela ABIN, com o uso do programa First Mile, conforme identificado pela Polícia Federal.
O uso do programa, capaz de monitorar 10 mil aparelhos simultaneamente, foi identificado pela PF na operação que investiga a montagem de um aparato ilegal de espionagem, pela ABIN, supostamente para acompanhar pessoas de interesse do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.
“A Anatel instaurou Processos Administrativos para apurar os fatos narrados em notícias sobre o monitoramento de cidadãos brasileiros feito pela Abin, a partir de software espião nas redes das prestadoras brasileiras de telefonia móvel”, informa a agência.
Segundo a Anatel, o software espião explorou característica histórica de protocolo padronizado para interconexão internacional entre as prestadoras nos serviços de telecomunicações.
Até aqui, a agência já teria identificado que as teles não comunicaram o regulador sobre as invasões em suas redes, o que viola o as regras do setor sobre cibersegurança.
“A falta de notificação à Anatel sobre os ataques ou tentativas de invasão por meio do FirstMile pode resultar em sanções administrativas para as operadoras Claro, Tim e Vivo”, diz a agência.
No entanto, ainda está sendo apurado se as principais operadoras do país sabiam das vulnerabilidades exploradas pelo software espião. A Anatel diz que não houve acordos entre ABIN e teles e que as empresas, ao contrário, implementaram soluções tecnológicas para bloquear as invasões.
Esse bloqueio, no entanto, não mirou o uso específico do First Mile pela ABIN, mas fez parte do processo natural de gestão de riscos cibernéticos nas redes de telecomunicações.
Procuradas, Claro e TIM não responderam aos pedidos de esclarecimento sobre o caso. Vivo informou, em nota, que “investe de forma recorrente, em conformidade com a legislação vigente, em diversas tecnologias de segurança e prevenção a fraudes para proteção de seus clientes”.