Anatel vê pouca interferência nos testes prévios para ativar 5G
Como anunciado, o grupo de acompanhamento do processo de implantação do 5G no Brasil, GAISPI, que reúne Anatel, governo, teles e emissoras de TV, autorizou nesta quarta, 27/7, por unanimidade, a liberação do uso da faixa de 3,5 GHz nas cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa, a partir da sexta, 29/7.
Dados da agência indicam que as operadoras Vivo, Claro e TIM estão antecipando a instalação de mais antenas do que o exigido para este primeiro momento conforme o cronograma do leilão do 5G. Em Brasília, onde o serviço foi liberado em 6/7, já são 335 estações radiobase. Belo Horizonte começará com 157 ERBs ativadas, Porto Alegre com 103 e João Pessoa, com 50.
Esses números representam, respectivamente, 63%, 80% e 66% acima de uma ERB para cada 100 mil habitantes, meta inicial. Mas também representam uma pequena fração do total: em BH, por exemplo, as antenas de 5G serão, neste começo, cerca de 13% de todas as quase 1,2 mil instaladas na cidade. Mas vale lembrar que, por enquanto, existem entre 4% e 5% de celulares capazes de funcionar com 5G, a depender da operadora.
A Anatel ainda não confirma as próximas a terem 5G, mas já há pistas. “São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia e Salvador são capitais onde a EAF já está trabalhando, mas até agora ainda não tem uma previsão sobre a próxima capital que será acionada. Vamos aguardar o que a EAF nos traz de trabalho realizado para poder colocar em deliberação. A próxima reunião do GAISPI será em 10 de agosto. Se até lá tiver mais capitais, poderão ser aprovadas”, disse o presidente do GAISPI e vice presidente da Anatel, Moisés Moreira.
EAF, ou Siga Antenado, é a entidade criada por previsão do leilão do 5G a quem compete instalar filtros em transmissores profissionais e trocar antenas parabólicas de famílias de baixa renda, medidas para evitar interferência da nova geração móvel na recepção dos sinais de TV via satélite – um vez que todos operam na faixa de 3,5 GHz ou suas proximidades.
A experiência até aqui, no entanto, já alimenta a ideia de que sejam dispensados testes prévios à liberação da faixa em cada capital – mantendo-se somente a obrigação de eventual mitigação de interferência caso ela venha a ser verificada à posteriori.
“A liberação exige começar a distribuição dos kits de TVRO domésticos e a instalação prévia de filtros nas estações profissionais, essas com testes pré ativação, ou seja, ligar o 5G para avaliar se a solução com filtro foi efetiva. Como os resultados estão todos dentro do que esperávamos e não ocorre interferência no sistema profissional, estamos avaliando a necessidade de continuar com esses testes”, explicou o coordenador desse processo pela Anatel, Alex Azevedo.
Segundo a agência, até aqui houve quatro ocorrências de interferência em Brasília, sendo uma por falha na instalação do filtro correto, mas as outras três por falha de cadastro. “O cadastro não é obrigatório, mas se essas empesas não fazem, não temos como saber que existem e eles não tem como ser protegidos”, disse Azevedo.
O superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinícius Caram, reconhece que a liberação da faixa para o 5G nas capitais têm exigido mais filtros do que a contagem inicial, mas também aponta para o aprendizado natural e a identificação das estações profissionais não cadastradas. Como resultado, foram 37 filtros profissionais em BH, frente aos 25 inicialmente estimados. Em João Pessoa foram 28, bem mais que os 13 previstos. E em Porto Alegre, 28, sete acima da conta inicial. “Quando vamos à campo às vezes falta um cadastro do radiodifusor e temos identificado isso, mas dentro do normal e esperado.”