Telecom

Ao fim do dia, Indústria de Telecom não está fazendo dinheiro

Ao fim do dia, a indústria de telecomunicações precisa fazer dinheiro e não está fazendo o que é um grave desiquilíbrio diante da era digital que está se construindo com o desembarque do 5G e das novas tendências como inteligência artificial, Internet das Coisas e big data. Assim os CEOs da Telefónica, Singtel Group, Vodafone e Orange definiram o momento real do setor no Mobile World Congress, que acontece em Barcelona. O olhar no retorno financeiro não implica que os executivos não assumam que a própria indústria precise se reinventar e reconquistar a confiança do consumidor. Os líderes admitiram que precisam criar receitas alternativas, além do voz e do próprio dados.

Chua  Koong, CEO da Singtel Group, de Singapura, observou que, hoje, existem 5,1 bilhões de pessoas conectadas, o setor responde por 4,5% do Produto Interno Bruto mundial, os serviços de dados vão subir 400% até 2025, o que demanda muita infraestrutura disponível, mas a rentabilidade das operadoras crescerá, no mesmo período, algo em tono de 1%. “A relação do que é investido para oferecer tudo isso e a receita está ficando muito desigual”, salientou Koong. A Singtel é uma das operadoras que apostam em novos serviços. Tanto que, segundo a executiva, 25% da receita hoje já é conquistada pelos chamados produtos alternativos, em especial, para governo e mercado corporativo.

Para José Maria Álvarez-Pallete, presidente executivo da Telefónica, o setor tem papel crucial na economia de dados, uma vez que todos os serviços passam pela infraestrutura das operadoras. “A internet é sensacional, mas ela não funciona sem conectividade”, advertiu, ao falar que é preciso também pensar na situação das responsáveis pela construção desse ecossistema. Pallete observou que o custo do serviço de telecomunicações cai dia a dia para o consumidor e que é preciso regras mais flexíveis. “Por que vamos pagar por diferentes frequências, quando já pagamos. Os governos podem e devem ser mais flexíveis”, frisou.

O presidente da Vodafone, Nick Read, lembrou que, nos últimos três anos, a indústria de telecomunicações foi a de pior desempenho de rentabilidade na Europa. Read não descartou os erros da condução do próprio negócio. “Até agora fomos muito complicados para os consumidores. Precisamos simplificar. Também temos que compartilhar com o 5G. Mas é fato também que a nossa rentabilidade é muito baixa e e isso preocupa muito. Há uma demanda por infraestrutura. Custa caro e muito dinheiro”, sinalizou o executivo.


Stéphane Richard, presidente da Orange, endossou os discursos dos demais CEOs, mas ressaltou que, por conta da força do 5G, pela primeira vez, se discute, de forma transparente, o risco da indústria de telecomunicações. “Vivemos distintos cenários, com consolidações de fixo/móvel, de telecom/mídia e, certamente, teremos uma próxima. Mas para mudarmos, precisamos de retorno financeiro”, reafirmou Richard.

Um ponto interessante levantado pelo presidente da Orange foi que a indústria de telecomunicações precisa reconquistar a confiança do consumidor. “Nossa indústria não é bem -vista pelo consumidor. Temos que trabalhar isso. Nós fazemos a estrada dos serviços digitais. Mas o consumidor não nos relaciona com o novo”, completou.

*Ana Paula Lobo viajou a Barcelona a convite da Huawei Brasil

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