Com os R$ 17 bilhões da venda da móvel para TIM, Vivo e Claro, Oi paga BNDES e empréstimos
TIM, Vivo e Claro concluíram nesta quarta, 20/4, a operação de compra da Oi Móvel. As dívidas abateram o terceiro principal grupo de telecomunicações do país, que adotou a venda de boa parte dos ativos como saída para a crise. Nesse esforço, a Oi Móvel é a joia da coroa: R$ 17,6 bilhões.
A Oi avisou que boa parte desse montante já foi direcionada a pagar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que participou de vários dos planos de expansão da supertele nacional desde a privatização do setor. Além disso, serão quitadas dívidas assumidas já no período da recuperação judicial (RJ), para garantir as operações.
“Com o recebimento desses recursos, a Oi já efetivou o pagamento integral de suas dívidas junto ao BNDES, no valor de R$ 4,64 bilhões, e quitará também uma parte significativa dos financiamentos captados durante a RJ, na forma do Plano e aprovados pelo Juízo da RJ, para a sustentação de suas operações enquanto aguardava as aprovações necessárias para a conclusão do negócio. Dentre estas quitações destacam-se o empréstimo-ponte para a venda da UPI Ativos Móveis e a parcela das Notas (“Bonds 2026”) emitidas em 2021, para os detentores que aderiram à oferta de quitação antecipada (que será objeto de Comunicado ao Mercado específico), reduzindo assim significativamente a sua alavancagem”, disse a Oi nesta quarta.
Segundo a empresa, “a venda da UPI ‘Ativos Móveis’ é a maior operação do nosso Plano de Recuperação Judicial aditado e do Plano Estratégico de Transformação, e, consequentemente, a principal fonte de entrada de recursos na Companhia no curto prazo, permitindo o início de sua desalavancagem e também a sustentação operacional para os investimentos na construção da Nova Oi, com foco na conectividade de fibra ótica e serviços digitais para usuários residenciais, empresariais e corporativos”.
“O valor de fechamento ajustado da operação foi de R$ 15,92 bilhões de reais, dos quais R$ 14,47 bilhões já foram recebidos, e R$ 1,45 bilhão serão retidos por até 120 dias, na forma prevista nos documentos de compra e venda, para que se conclua a avaliação de eventuais ajustes adicionais, como é comum em operações dessa natureza. Adicionalmente ao valor de fechamento, a Oi ainda poderá receber até R$ 294,6 milhões, condicionados ao atingimento de determinadas metas relacionadas à transição da operação para as compradoras.”
Concentração
A situação delicada da Oi, que foi para a recuperação judicial quando a dívida bateu em R$ 65 bilhões, favoreceu uma maior concentração de mercado na telefonia móvel brasileira – tanto na quantidade de espectro de radiofrequências nas mãos das três maiores do mercado celular, como nos clientes. A Oi detém 16% dos chips ativos no país, cerca de 42 milhões de clientes.
Na compra acordada pelas três líderes, a TIM pagou mais, R$ 7,3 bilhões (44% do total), e vai ficar com o maior naco da Oi Móvel: cerca de 40% dos clientes, ou 16,5 milhões; além de 49 MHz em frequências (51% do espectro detido pela Oi). A empresa declarou nesta quarta que “com a transação, a TIM dá um grande passo no cenário nacional, finalmente podendo competir de forma equilibrada com seus principais concorrentes no que diz respeito à sua infraestrutura e representatividade geográfica de sua base de clientes e com expectativa de significativa criação de valor para os seus acionistas”.
A Vivo leva 30% dos clientes da Oi, cerca de 12,5 milhões, e 46% das frequências da Oi, ou 43 MHz em espectro – para tanto, o desembolso foi de R$ 5,3 bilhões. Para a Vivo, “esta transação traz benefícios ao setor de telecomunicações do Brasil, ampliando a capacidade de realização de investimentos e criação de inovações tecnológicas de maneira sustentável e racional, contribuindo para a digitalização do país através da construção e expansão de redes em tecnologias de ponta, como 5G e fibra, o que se traduz em serviços com melhor cobertura e qualidade aos usuários”.
Já a Claro leva outros 30% dos clientes da Oi, mas não terá nada do espectro da concorrente – foi uma forma de evitar a negativa da operação pela Anatel, uma vez que a Claro acabara de comprar a Nextel e as cobiçadas frequências daquela empresa.