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Em renúncia, conselheiro da Oi critica estratégia e pede novo aporte de credores

Ainda às voltas com a recuperação judicial, a Oi anunciou na noite de segunda, 3/6, a renúncia do membro independente do Conselho de Administração Ricardo Reisen de Pinho, que deixa a empresa clamando os credores a injetarem novos recursos e com críticas à nova estratégia comercial que vem sendo desenhada por duas consultorias e pelo Bank of America.

“É fundamental questionar as razões e interesses econômicos, e mesmo político-sociais, que sustentam a existência da estratégia a ser proposta, desafiando e testando alternativas, mesmo que apenas no plano teórico. Não basta apenas descrever o ‘como’, mas também explicar o ‘porquê’, afirma Pinho na carta de três páginas que acompanha o pedido de renúncia.

Nela, Pinho alega motivo de foro íntimo para deixar a empresa e defende a atuação dos demais conselheiros e da gestão executiva da ‘supertele’, destacando o presidente Eurico Teles Neto e o diretor financeiro Carlos Augusto Brandão “pelo trabalho, diligente, impar e irretocável, desenvolvido sempre em prol do melhor interesse da Companhia”. Também destaca a importância da aprovação do plano de recuperação que “implicou em substanciais sacrifícios” mas que permitiu ser “mantida a função social para a qual a Companhia foi estabelecida”.

O tom da carta, no entanto, é de ressalvas ao que chama de novo ciclo. “A discussão de alternativas estratégicas ou táticas tais como, a extensão da RJ como forma de proteção legal à Companhia por mais um período ou, o aporte, de agora sim, novos recursos de fato por parte dos acionistas, são alternativas a serem exaustivamente exploradas e justificadas. A última é particularmente um interessante exercício para testar a falácia da entrada recente de, assim chamados, novos recursos, uma vez que o aporte de cerca de R$4 bilhões era parte inerente do PRJ, sem os quais todos os stakeholders perderiam suas posições, com todos portanto, já tendo ajustado seus retornos financeiros para tal evento. Com relação e este último ponto, vale destacar que os principais bondholders/acionistas backstoppers se remuneraram por tal fato, bem
como todos os acionistas que aportaram recursos viram seu capital apreciar cerca de 30% no período.”

Para o conselheiro que sai, “um aporte de capital como parte da estratégia demonstraria o interesse genuíno dos acionistas de reforçar o volume de investimento da Companhia, respaldando assim uma estratégia de longo prazo a ser proposta de forma independente pelo Conselho. Indo além, também ampliaria de forma diferenciada e significativa a capacidade da Oi de melhor se engajar em eventuais tratativas estratégicas com terceiros em um horizonte de menor prazo, criando assim uma maior propensão a captura de valor para si.”


“Para que este movimento tenha pleno êxito, é importante ressaltar que a simples criação de uma estratégia não é condição suficiente para atingir tal objetivo. Concomitantemente, é necessário reforçar a capacidade de execução da Companhia, desenvolver e atrair lideranças afeitas a situações complexas, e saber comunicar de forma adequada seu público externo e interno ações que podem impacta-los. Fundamental estar permanentemente atento a conflitos de interesses diversos, comunicar fatos e eventos de maneira equânime a todos os acionistas, e buscar uma resultante que seja, no mínimo, neutra para credores. O último ponto é de especial atenção por esta ser ainda uma Companhia em RJ, com seus credores tendo poucas ou remotas possibilidades de gerar um evento de liquidez para seus créditos”, conclui Ricardo Pinho.

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