Telecom

Ericsson acredita em transformação “quase genética” no modelo de negócios das operadoras

Para Rodrigo Dienstmann, presidente da companhia, evolução da IA e das redes 5G terá impacto direto nos modelos de negócios atuais

O presidente da Ericsson para a região Latam South, Rodrigo Dienstmann, apresentou sua visão sobre o futuro das operadoras de telecomunicações nesta terça-feira (2), durante o Painel Telebrasil Summit 2025. O executivo lembrou que as telecomunicações vivem mais uma fase de inflexão tecnológica, mas com uma diferença crucial: a velocidade das mudanças.

Para Dienstmann, a convergência entre inteligência artificial, redes móveis e computação em nuvem está acelerando a transformação do setor e exigirá uma revisão profunda do modelo de negócios das operadoras. “Estamos acostumados a falar de inflexões tecnológicas nos últimos 25, 30 anos. Mas agora a velocidade está aumentando”, afirmou. Para ele, uma nova inflexão virá da combinação da IA com nuvem distribuída e redes móveis, criando condições para casos de uso até aqui impensados.

Sobre os modelos de negócio, ele lembrou que, no Brasil, as teles investiram cerca de R$ 35 bilhões em 2024 e quase R$ 500 bilhões na última década. Apesar desse esforço, a essência do negócio pouco mudou. Há dez anos, lembra o executivo, um plano pós-pago médio custava R$ 136, com 6 GB de internet, WhatsApp liberado, minutos e SMS. Hoje, o valor gira em torno de R$ 139, mas com 80 GB, redes sociais incluídas e acesso a plataformas de streaming. “O preço se manteve praticamente o mesmo e a base da oferta continua sendo dados. O modelo básico das operadoras é o mesmo”, explicou. O problema, acrescenta, é que as redes atuais não foram concebidas para a revolução que se aproxima.

O 5G como plataforma de transformação

Na visão da Ericsson, o 5G representa a infraestrutura capaz de suportar a nova realidade que vem sendo construída. Um dos exemplos é o Open Gateway, iniciativa que abre as capacidades de rede por meio de APIs, permitindo que startups e empresas criem serviços sobre a infraestrutura das operadoras. “Essa nova realidade exige uma transformação ‘quase genética’ no modelo de negócio das teles, já que os principais clientes serão plataformas digitais que vão demandar redes confiáveis”, apontou Dienstmann.


Casos de uso já começam a despontar, envolvendo alta precisão de localização, baixa latência e maior confiabilidade. “É preciso escalar novos casos de uso que não estão limitados ao que a operadora cria, mas que dependem do ecossistema. Isso amplia o papel das telecomunicações para novos setores da economia”, completou.

Para o executivo, a competição no setor deve deixar de se concentrar apenas em disponibilidade e velocidade de dados. Novas dimensões ganham relevância, como qualidade de serviço, confiabilidade, controle de recursos e cobertura indoor e outdoor – permitindo o uso de aplicações no metrô ou em áreas rurais, por exemplo.

Dienstmann acredita que a revolução já está em curso. “Sem exageros, isso deve acontecer em sete anos. Exagerando, pode ocorrer em um ano e meio”, disse. Para enfrentar esse desafio, as redes precisarão expor suas capacidades por meio de APIs e se integrar a um ecossistema de inovação que vai muito além das operadoras. “Temos a capacidade intelectual e de execução para fazer o que é preciso. Agora, é hora de nos mover para novos casos de uso e novos modelos de negócio”, acrescentou.

*Com Conexis Brasil

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