Eurico Teles tem em mãos o futuro da Oi
A missão de definir o destino da Oi maior processo de recuperação judicial do Brasil, caiu no colo de Eurico de Jesus Teles Neto, de 61 anos, no momento mais turbulento da operadora. Brigas de acionistas determinaram mais uma mudança no comando da tele às vésperas de uma assembleia de credores decisiva, agendada para essa terça-feira, 19 de dezembro e ainda envolvida com a possibilidadade de disputas judiciais.
Ao falar com a imprensa pela primeira vez,no fim de novembro, Eurico, que estava à frente da direção jurídica, frisou: “Meu trabalho é aprovar um plano que desagrade pouco a todos” e foi o que fez. Em poucos dias, redesenhou o plano de recuperação, após inúmeras conversas com o ecossistema envolvido. Nascido em Piripiri, município piauiense que fica a 160 quilômetros da capital, Teresina, Eurico Teles vem de uma família de 11 irmãos.
Na adolescência, se mudou para Salvador onde construiu a sua vida profissional, primeiro como economista, e depois como advogado. Em outubro de 1979, ingressou na Telebahia. Acabaria efetivado, em abril de 1981, como assistente técnico administrativo. Depois passou a atuar no setor de Títulos e Valores Mobiliários, o que despertou nele grande interesse sobre normas e advocacia. Seria depois convidado pelo presidente da Telebahia para ir para a assessoria jurídica da estatal.
Carnaval e surfe
Na trajetória profissional, Eurico Teles viveu todas as etapas das telecomunicações: a separação dos serviços fixo e móvel e a criação das oito empresas de serviços móveis, três fixas e uma de longa distância, na privatização das teles.
Quando houve o fim do sistema Telebrás, Eurico já respondia pela Tele Norte Leste, junto com José Augusto da Gama Figueira. Depois da privatização, a empresa passou a se chamar Telemar, que mais tarde viraria Oi, onde Eurico assumiu em 2004 a diretoria Jurídica e, em novembro de 2017, foi nomeado CEO da Oi.
A jornada do presidente da Oi está estafante. São mais de 13 horas de trabalho por dia, mas Teles não perde o otimismo, uma das características de sua personalidade. “Comecei estagiário e cheguei a presidente da empresa, algo que nunca havia imaginado. Acho que isso se deve ao fato de eu sempre ter tido por perto pessoas que me diziam coisas que de alguma forma acabavam acrescentando na minha vida. Posso garantir que vou dar tudo de mim para que a companhia possa voltar a ter a posição de destaque que ela merece e que é dela”, pontua.
Reservado, o presidente da Oi é um apaixonado pelo Carnaval da Bahia. Ele não perde um desfile do Filhos de Gandhi, bloco afoxé que prega a não violência e a paz entre os homens. Todo ano o executivo faz questão de desfilar devidamente paramentado: além da fantasia com turbante e as vestimentas, ele leva frascos de perfume de alfazema e colares de contas azuis e brancas, como é praxe entre os integrantes do bloco. Os colares são conhecidos tradicionalmente por “colar dos filhos de Gandhi”, que são oferecidos nas ruas durante o desfile como forma de desejar paz durante o Carnaval e ao longo do ano.
“Gosto muito de gente, não vejo qualquer diferença entre os seres humanos, acredito em todas as religiões. Eu gosto de estar perto das pessoas, de ouvir, de conversar, de contar causos”, destaca. A paixão mais recente é o surfe. “Na terceira aula já consegui subir na prancha e quero fazer mais aulas”, completa orgulhoso.
*Com a colaboração de Luis Osvaldo Grossmann