Feninfra reage ao Ministério da Justiça e adverte para ‘milhares de demissões’
A determinação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) que proíbe empresas de ligar para oferecer produtos ou serviços a clientes, o chamado telemarketing ativo, terá impacto negativo sobre a atividade econômica, na medida em que poderá deixar milhares de brasileiros desempregados. A avaliação é da presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Mello Suruagy.
Segundo a executiva, a decisão anunciada nesta segunda-feira, 18 de julho, pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, terá impacto imediato sobre as companhias que operam no setor, que empregam atualmente 1,4 milhões de brasileiros, muitos deles mulheres e jovens em primeiro emprego. Essas empresas já vinham sendo pressionadas pela Anatel, que em março determinou a utilização do prefixo 0303 para as chamadas geradas por operadoras de telemarketing interessadas em vender produtos ou serviços.
“Com esta nova medida, o Ministério da Justiça e Segurança Pública acelera um processo que irá dizimar milhares de empregos. Essa cruzada contra o telemarketing, que só agrava um problema crônico, vem num momento em que o foco deveria ser a recuperação de nossa economia”, diz Vivien Suruagy. A presidente da Feninfra lembra que, além da polêmica obrigatoriedade de uso do prefixo 0303, que já vinha sendo contestada pelo setor, a Anatel havia enquadrado empresas de menor porte e pouco estruturadas, que utilizam robôs para fazer ligações, um sistema considerado “abusivo” pela agência.
De acordo com Vivien Suruagy, “nossas operadoras de telemarketing não se encaixam nesta situação, não apoiam a utilização dos robôs, tem porte e geram empregos para milhares de pessoas”. “Como temos visto, medidas mal planejadas, mesmo que bem-intencionadas, podem sacrificar o ganha pão de trabalhadores, gerar risco de quebradeira de empresas e prejuízos para o País”, acrescenta. “O que o Brasil mais precisa agora é de políticas públicas que estimulem o setor produtivo, que é o único capaz de injetar os recursos necessários para movimentar a economia.”