Grandes teles e pequenos provedores disputam espaço no leilão do 5G
O maior leilão de espectro do Brasil, a oferta de quase 4 mil MHz em frequências previstas no edital do 5G, revela uma série de disputas sobre o espectro ofertado. E como visto na audiência pública realizada pela Anatel nesta quinta, 12/3, nem o aumento de 100 MHz na oferta do 3,5 GHz é suficiente para o apetite do mercado. Especialmente das grandes teles.
“A relevância da decisão sobre 5G exige muita cautela. A maior preocupação da Claro é que as oportunidades e desafios sejam iguais a todos os interessados, sem facilidades para apenas parte deles”, disparou a gerente regulatória da Claro, Monique Barros.
“É necessário que se garanta que adquirentes da frequência estejam comprometidos com implantação de uma 5G robusta. E caso haja lotes exclusivos e com menos obrigações, o 5G estará em risco. É preciso afastar especuladores”, completou.
Não foi a única. A Oi também partiu para o ataque contra a proposta da Anatel que prevê um lote exclusivo para prestadoras de pequeno porte – aquelas empresas com participação de mercado inferior e 5%. Assim como a Claro, a tele defendeu que todos os 400 MHz entre 3,4 GHz e 3,7 GHz sejam divididos em quatro blocos – coincidentes com as quatro grandes operadoras móveis no país.
“Um lote exclusivo a pequenos provedores pode não resultar em uso eficiente do espectro. O uso ideal do 5G seria em torno de 100 MHz para as faixa de 3,5 GHz. Portanto uma das contribuições da Oi é que sejam quatro lotes nacionais de 100 MHz com oportunidade a todas as empresas sem quaisquer restrições. Lotes pequenos não alcançam viabilidade para que seja feito o investimento”, afirmou o gerente de estratégia regulatória da Oi, Leandro Vilela.
Os pequenos reagiram. “Os provedores regionais são empresas sérias, comprometidas com investimento em banda larga no Brasil, tanto é que atualmente já têm mais de 30% do market share da banda larga fixa. Quando a Anatel estabelece um lote exclusivo, faz regulação assimétrica para viabilizar entrada de empresas, não é privilegio para aventureiros ou especuladores”, rebateu o gerente de relacionamento institucional da Abrint, Helton Posseti.
Para o presidente da Telcomp, João Moura, além de destacar que “a assimetria é importante para a participação de novos entrantes”, o próprio desenho da oferta deveria mudar. “Na faixa de 3,5 GHz, os blocos regionais deveriam ter pelo menos 80 MHz para que possa se ter um melhor aproveitamento do 5G. E na faixa de 700 MHz seria conveniente que ela fosse também segmentada por regiões e licitada logo depois do 3,5 para que fosse possível se trabalhar alternativa de combinar as duas.”