Telecom

Huawei ironiza EUA por lei que dá direito de acesso aos dados fora do País

A Huawei não plantou e não plantará backdoors em seus produtos até agora e não o fará para os direcionados ao 5G. Essa foi a mensagem direta dada pelo CEO  da fabricante chinesa, Guo Ping, em apresentação nesta terça-feira, 26/02, no Mobile World Congress, que acontece em Barcelona, e que reúne mais de 100 mil pessoas do ecossistema móvel.

O embate da Huawei com o governo dos Estados Unidos é tema de discussões em palestras oficiais e nos corredores no maior evento de telecomunicações do mundo, mas a palestra de Ping não lotou o auditório como o esperado. Mas quem não foi perdeu um executivo chinês objetivo e direto. Ping destilou ironia contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Disse entender um tweet do executivo cobrando mais rapidez da indústria americana com relação ao 5G. “Nós fazemos uma rede muito mais rápida do que a deles chegando a 14 giga no 5G NR”.

Sobrou também para os fornecedores rivais, que estão aproveitando o espaço criado com a polêmica para ganhar espaço. “Para se construir a confiança é preciso que todo o ecossistema trabalhe junto, fornecedores, operadoras, governos e agências reguladoras. A responsabilidade da confiança é de todos e não de um único”, lembrou Ping. O executivo revelou que a Huawei aderiu ao NESAS – Network Equipment Security Assurance Scheme, para validar e certificar equipamentos na Europa. “Nossa intenção é ampliar a iniciativa para todo o mundo”, sinalizou.

O chairman da Huawei advertiu ainda às operadoras sobre a manutenção das infraestruturas de rede. “A manutenção está parada no século 18. Os dados mostram que 70% das falhas de rede acontecem por falhas humanas”, relatou Ping. Aliás, o chairman da Huawei observou – com relação à cibersegurança – que cabe às prestadoras de telecomunicações toda a política de segurança, operação, manutenção das redes. “São elas que gerenciam, monitoram e auditam as redes para segurança”.


Sobre os Estados Unidos, Ping lembrou que o governo norte-americano, em março de 2018, aprovou o Cloud Act, ou seja, uma lei que dá ao governo o direito de acesso às informações quando não estiverem em território americano. A legislação aconteceu após derrota judicial para a também americana Microsoft, que não quis abrir os dados armazenados em data center na Irlanda. “Eles têm o Cloud Act. Sabem o que é ter acesso às informações”, completou.

*Ana Paula Lobo viajou a Barcelona a convite da Huawei Brasil
 

Botão Voltar ao topo