Telecom

Huawei:5G exige empresas locais para aplicações e geração de talentos

O nome do jogo no 5G não é a conectividade, mas, sim, as aplicações que virão dessa infraestrutura, pontua o diretor de cibersegurança e soluções da Huawei Global, Marcelo Motta, em entrevista ao Convergência Digital. Segundo ele, o Brasil precisa entender que o 5G não é uma tecnologia, mas uma era nova nas telecomunicações e exigirá a criação de ecossistemas locais e a geração de talentos. A Huawei participa esta semana de evento organizado pelo ministério das Comunicações, no Congresso Nacional, para mostrar as aplicações já existentes para o 5G.

“Não vai se ter o 5G que ser quer sem as empresas locais fazendo aplicações e sem a geração de talentos. As aplicações são a diferença. São elas que vão trazer os benefícios esperados para a economia e eles são bem efetivos. Pesquisa da Deloitte mostra que o 5G trará um impacto positivo de 2,5% no Produto Interno Bruto por um período de 15 anos. Esse ganho é enorme e vai muito, mas muito além da conectividade pura”, observou Motta.

Bastante cauteloso ao falar sobre a participação da Huawei no mercado 5G no Brasil, até para evitar atritos, o executivo da Huawei Brasil diz que já fez testes com todas as operadoras para mostrar a capacidade de fazer 5G e a fabricante tem o equipamento mais leve disponível no mercado, com 19 quilos e uma alta capacidade de processamento, com redução de consumo de energia.

“O Brasil tem um gap enorme de antenas. Hoje possui 100 mil antenas para serviços 2G, 3G e 4G. Na China, por exemplo, só para o 5G já foram instaladas mais de 1 milhão de antenas. Então temos que fazer o 5G acontecer”, afirmou, sem responder a indagação se o Brasil ficaria atrasado caso o leilão não aconteça em julho, por conta do edital, em avaliação pelo Tribunal de Contas da União.

Motta insistiu que as aplicações têm de ser a estratégia até para valorizar startups e empresas locais. “E não tem jeito, essa ação exige políticas públicas”, observou. A Huawei participa do evento governamental com uma série de aplicações, já em uso no mundo, entre elas o Agropecuária Inteligente, com o destaque para o uso de drones para o monitoramento da produção com mais eficiência, como a detecção de pragas e doenças por meio do rastreamento combinado de imagens e vídeos de alta resolução armazenados em nuvem.


Essas soluções ainda vão possibilitar a otimização da aplicação de fertilizantes e pesticidas, permitindo ao agricultor reduzir os custos da operação. Para a pecuária, vai apresentar uma aplicação de rastreamento de rebanhos, assim como equipamentos que podem garantir conexão em lugares remotos. A fabricante também tem aplicações para segmentos como mineração, portos e aeroportos.

Open RAN

Indagado sobre o Open RAN, a Huawei mantém a sua posição: terá a tecnologia quando ela estiver eficiente e garanta a performance. Até lá, os testes feitos comprovaram falhas ainda não resolvidas. “Você pode comprar um carro em uma montadora, ou adquirir as peças e montar o carro sozinho. O Open RAN é mais ou menos isso. Hoje, o Open RAN precisa de interfaces abertas, mas essas interfaces não estão especificadas. Não existe uma padronização internacional”, afirmou Marcelo Motta.

Segundo ele, a Huawei já fez testes e constatou que o Open RAN vai evoluir, mas, agora, não apresenta a performance esperada. “Muitos fornecedores em um único site para a operadora gerenciar e com o 5G em constante evolução não me parece uma boa eficiência”, adicionou.

Outro ponto polêmico é a capacidade dos chipsets de mercado em fazer o processamento sem um consumo alto de energia. “Hoje eles não fazem isso”, sentenciou. O executivo da Huawei Brasil sustentou que se o Open RAN conseguir a padronização internacional, a fabricante fará uso da tecnologia até porque, lembrou, a Huawei se programou para investir mais de US$ 100 bilhões em pesquisa e desenvolvimento nos próximos cinco anos.

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