Telecom

IBGE vai comprar 180 mil chips 4G para censo 2022

Do último censo realizado em 2010 para o que está por vir em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reviu toda a infraestrutura de TI, até porque, no ano que vem, todos os dispositivos móveis de coleta (DMC), contratados com a Positivo, vão usar chips 3G ou 4G para a transmissão, em tempo real, dos dados coletados.

Tanto que uma licitação para a aquisição de 180 mil chips está para ser lançada pelo IBGE, revelou Carlos Renato Cotovio, diretor de Informática, em entrevista ao Convergência Digital. Mas, mesmo prevista para começar a operação em abril do ano que vem, não haverá espaço para o uso do 5G. “Os DMCs foram contratados em 2020 e não havia ainda a possibilidade do 5G”, explica. Uma das ações do IBGE foi a de reestruturar todos os centros de informática, ainda chamados de CPDs, em todas as capitais do país.

“O nosso nó principal está no Rio de Janeiro, mas temos CPDs em todas as capitais e no Distrito Federal. É uma infraestrutura própria baseada em MPLS, com garantia de qualidade de serviço. A nuvem entra para ajudar na coleta dos dados. A nuvem privada, nossa, fica com os dados mais sensíveis, mas os dados que não são considerados estratégicos colocamos na nuvem pública, no Azure, da Microsoft. Estamos avaliando a rede do governo federal como órgão do ministério da Economia para multicloud”, explicou Jose Luiz Thomaselli, coordenador de Serviços de Informática.

Na prática

Com os dispositivos preparados para fazer a transmissão dos dados em tempo real, o back office do IBGE precisa estar preparado para receber essas informações para tratamento quase que imediato, e com o cuidado de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, uma vez que as informações coletadas são dados pessoais e exigem sigilo e privacidade. Esse, aliás, é considerado o maior desafio pela frente em tecnologia: atender de forma eficiente essa demanda do tempo real.


“Nossa infraestrutura vai ter um momento de pico relevante porque a coleta dos dados é um tiro curto. Serão 180 mil recenseadores fazendo o tráfego de dados em tempo real. As nuvens pública e privada vão nos ajudar muito. E depois teremos o trabalho de revisar esses dados para as tabulações das informações”, adiciona Cotovia.

O data center principal no Rio de Janeiro ainda passa por mudanças para estar 100% pronto até o final do ano, conta Thomaselli. Até porque o IBGE conta com uma plataforma própria de análise de dados- BME – para fazer a tabulação das informações, mas também usa ferramentas de analytics de mercado como o Exadata, da Oracle, e ferramentas do SAS. “Contratamos o cluster de banco de dados para agilizar o desempenho no cruzamento de dados. Para vocês terem uma ideia serão dados de 70 milhões de domicílios e de mais de 200 milhões de brasileiros. Nossos analistas terão um volume enorme de informações para tratar”, reforçou Cotovio.

A preocupação com a segurança cibernética está na ponta da estratégia, uma vez que serão coletados dados dos brasileiros, mas o coordenador de serviços de Informática, diz que o trabalho de monitoração de falhas é ‘quase que enxugar gelo todos os dias’. O IBGE contratou uma série de ferramentas e estabeleceu contratos com empresas especializadas em segurança da informação. “Segurança da Informação é um trabalho diário e constante”, observa. Os ataques de negação de serviço (DDoS) estão na mira e todos os links de comunicação serão protegidos. A coleta de dados será por 3G/4G como também por satélite, com uso de VSAT em banda KA e BGAN).

Desde o último dia 04 de novembro e até o final de dezembro, o IBGE está fazendo o primeiro teste nacional do Censo 2022. Foram escolhidos municípios, bairros, distritos ou comunidades nas 27 unidades da Federação, que serão percorridos por cerca de 250 recenseadores. Os testes incluem todas as etapas do Censo, desde os sistemas e equipamentos de coleta até o treinamento dos recenseadores, além da pesquisa sobre as características do entorno dos domicílios e o modelo misto de entrevistas (presencial, pela internet ou por telefone). Objetivo é começar os trabalhos efetivos do Censo 2022 a partir de abril. Após a realização da coleta dos dados do Censo, os DMCs e os chips contratados serão distribuídos para o Ministério de Saúde, em um convênio firmado no governo.

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