Mercado financeiro reage ao acerto entre Oi e Anatel
A renegociação da dívida da Oi com a Anatel chamou a atenção do mercado pelo desconto de mais de R$ 10 bilhões obtido pela companhia, mas também trouxe um elemento negativo que azedou o humor dos investidores, pontuou análise do BTG Pactual. E o mercado realmente não gostou. Nesta quarta-feira, 01/06, as ações da Oi despencaram. A ação ordinária caiu 10,9%, a R$ 0,65, e a preferencial caiu 4,58%, a R$ 1,25.
Em relatório, o BTG Pactual reconheceu a importância do descontão recebido pela Oi após as negociações, mas ressaltou que, mesmo assim, o acordo foi pior do que se previa. “O que realmente nos surpreendeu negativamente foi o tamanho da dívida. Durante as negociações iniciais, em 2020, a dívida total da Oi com a Anatel era de R$ 14,3 bilhões. No entanto, o novo acordo inclui um passivo adicional de R$ 6 bilhões que estava sendo discutido na esfera administrativa naquele momento, que a maioria acreditava que nunca seria incluído na dívida total”, afirmou o banco.
Ainda assim, para o BTG Pactual, os termos acertados entre a Oi e a Anatel fazem sentido para a companhia porque melhoram o perfil de pagamento da dívida, visto que a maioria da dívida com a agência reguladora será paga mais para frente, melhorando a liquidez no curto prazo.
Para o acionista, no entanto, a renegociação é má notícia, porque aumenta o valor presente da dívida da Oi – o que explica por que as ações da companhia estão operando em queda. Nas contas do BTG Pactual, a dívida da Oi trazida a valor presente aumentou de R$ 2,5 bilhões para R$ 5,2 bilhões.
Procurado pelo portal Convergência Digital, o ex-ministro e ex-presidente da Anatel, Juarez Quadros – inclusive estava à frente do comando da agência quando a Anatel e a AGU votaram contra a negociação proposta com a União – diz que a Lei 13988/20 permitiu a repactuação. “Tudo que o devedor quer é repactuar a dívida. A Oi, agora, fica com o nome limpo. Entre mortos e feridos, acabaram salvando todos. Agora é a Oi honrar os pagamentos acertados”, afirmou. Quem também diz que o acerto foi positivo é Eduardo Tude, do Teleco. Segundo ele, passada essa etapa, a nova Oi, agora, pode focar no que precisa: refazer o seu modelo de negócio.