Na Oi, receita com fibra supera cobre pela primeira vez
A Oi festejou nesta quinta, 12/8, ao apresentar os resultados trimestrais, a primeira vez em que a receita residencial com fibra óptica (R$ 654 milhões) foi maior que a da rede legada de cobre (R$ 653 milhões). Além da virada, a empresa reencontrou o lucro. Depois de um prejuízo de R$ 3,5 bilhões entre janeiro e março, a Oi fechou o segundo trimestre com lucro de R$ 1,13 bilhão.
A reinvenção da Oi com foco na fibra, no entanto, ainda precisa de avanços na solução das questões relacionadas à concessão. Ao apresentar os números, o presidente da operadora, Rodrigo Abreu, destacou a abertura de negociações com a Anatel sobre o passivo da concessão como passo definidor do futuro.
“A arbitragem que a empresa abriu com a Anatel é um dos principais componentes, abordando o custo da operação legada no futuro e quatro áreas: desde a falta de sustentabilidade da concessão, vários eventos que levaram ao desequilíbrio financeiro da concessão, o saldo dos planos de metas nos últimos anos, e, finalmente, os investimentos que precisarão ser compensados”, disse o executivo.
Maior concessionária do país, a Oi tem a maior fatia da ‘dívida’ das empresas, que segunda a Anatel está em cerca de R$ 3,7 bilhões – são valores relativos a obrigações não cumpridas e que, pelo novo marco legal do setor, a Lei 13.879/19, entra na conta da transformação das concessões em regime público para autorizações em regime privado. “A arbitragem será critica para abordar a migração, em um processo que, esperamos, deve ser realizado ate o final de 2022 ou início de 2023”, afirmou Abreu.
O futuro da empresa, como reiterou o CEO, está diretamente ligado ao sucesso da V.tal, a operação segregada de implantação de fibras ópticas, da qual a Oi vendeu o controle para o Banco BTG, numa operação que ainda passa pelas aprovações regulatórias de praxe.
Segundo Abreu, “a demanda por tráfego não vai parar de crescer”, o que embala os ganhos que a operadora espera ter com a V.tal. “Estamos vendo começo de demanda de outras empresas e provedores, não apenas para transmissão e backbone, mas também outros serviços. Temos mais de 10 contratos com pequenos e grandes provedores e isso começou mesmo antes de lançarmos a marca.”
Os desafios, porém, ainda existem. O lucro da Oi veio acompanhado de queda de 1,5% na receita líquida no trimestre – recuo que chega a 3,4% na comparação com um ano antes. O número de acesso ativos também caiu quando avaliadas somente as operações continuadas (-1,4% no trimestre, -2,8% no ano), mas puxado pelo recuo de 14,5% no cobre (39,7% no ano), enquanto a fibra avançou 16,8% (156,3% no ano).
Considerando o descontinuado – ou seja, a telefonia móvel e o DTH – a Oi encerrou o segundo trimestre de 2021 com 55,3 milhões de clientes, o que representou um crescimento de 2,8% no período, fruto exclusivo do aumento da base de clientes de celular em 4,6%.
Mas em fibra ótica, a Oi se supera. A Oi Fibra dobra o número de assinantes em 12 meses e atinge a marca de 3 milhões de clientes. Foram em média 120 mil casas conectadas por mês, superando todos os demais players de internet por fibra ótica. Atualmente a Oi Fibra está disponível em 176 cidades no Brasil e a meta é chegar a 208 até o fim do ano. A companhia conta hoje com fibra passada em 12,6 milhões de endereços (do jargão inglês homes passed) e deve fechar o ano de 2021 com 14,5 milhões de endereços com essa infraestrutura.