Telecom

Nova dona da Sigfox, Unabiz mira em 50 milhões de sensores no Brasil

O novo dono da Sigfox, o CEO global da Unabiz, Henri Bong, está rodando o mundo na esteira da compra da empresa francesa que namorou com a falência no ano passado. Nesta semana, ele está no Brasil onde aposta no potencial para multiplicar em muito a presença da tecnologia de internet das coisas que usa baixa frequência não licenciada e oferece custos menores e baixo consumo de energia. 

“Enquanto as soluções do mundo celular são mais voltadas para aplicações industriais, veículos autônomos, tempo real, e com sensores que têm alimentação de energia e portanto não se preocupam com o consumo, nós apostamos em soluções simples, menos de US$ 50, facilmente escalável em qualquer lugar”, afirmou Bong, em conversa com o portal Convergência Digital. 

Após o terremoto da Sigfox, que no Brasil atua pelas mãos da WND, que tem a distribuição exclusiva no país, a entrada da Unabiz promete mudanças pelo mundo, até mesmo na relação com sistemas supostamente concorrentes, como LoRa. Por aqui, porém, há um foco muito voltado ao segmento onde a tecnologia Sigfox vem encontrando terreno fértil, nas empresas de utilities, especialmente água e gás. 

“No Brasil, as operações são concentradas no setor de utilities. Operamos algumas centenas de milhares de sensores, entre 300 mil e 400 mil sensores. E acreditamos que a tecnologia pode ajudar muito o mercado brasileiro. É um mercado que experimentou todas as tecnologias e verificou que o que nós oferecemos funciona”, disse Henri Bong. 

Com distribuições em 77 países, a empresa tem cerca de 11 milhões de sensores ativos, sendo 4 milhões em segurança, 3 milhões em rastreamento e boa parte restante em utilities, mas com crescimento acelerado no controle de ambientes, especialmente a partir da pandemia de Covid-19. Bong acredita, no entanto, que só no segmento onde já atua no Brasil é possível multiplicar o número global por cinco. 


“Acredito que mais de 50 milhões de sensores podem ser conectados somente no setor de utilities no Brasil. O Brasil já atingiu um nível de maturidade de conhecimento sobre as novas tecnologias. Vou a muitos lugares onde ainda precisamos explicar o que a tecnologia faz. No Brasil, isso não é necessário. Vamos direto aos negócios. O setor de utilities, como já disse, testou as mais variadas tecnologias. Portanto aqui a conversa é continuidade de negócios, preços, como aplicar a tecnologia. E isso sinaliza um grande potencial de crescimento no Brasil”, afirmou o CEO da Unabiz. 

Henri Bong já trabalhou na francesa Sigfox e mais tarde criou a Unabiz, sendo o representante da tecnologia em Cingapura, onde está sediado, e em Taiwan. O desempenho nessas praças deu fôlego para comprar a empresa francesa em falência em 2022. Apesar das dificuldades, ele aposta que os predicados da tecnologia batizada 0G, baixa frequência não licenciada, comunicação assíncrona e baixo consumo de energia têm não só espaço como serão cada vez mais importantes. 

“A banda ultraestreita é a única solução efetiva para a escala massiva do IoT. Outras tecnologias, como NB-Iot, LoRa, podem atender bem um prédio com 500 ou 1 mil sensores. Mas se você quer centenas de milhares de sensores, milhões de sensores, é um problema que Sigfox 0G é capaz de resolver. Essa é a grande diferença”, disse Bong. 

As demandas de energia das novas tecnologias móveis, acredita o executivo, também são um diferencial favorável ao uso do LPWAN, ou seja, redes de área ampla e baixa potência. “Questões de frequência, ou especialmente de energia, são globais. Temos que pensar em sustentabilidade, em quantas baterias de lítio estamos usando, em quanta energia estamos usando. E aí reside um ponto importante sobre o 0G. Sempre que as teles passam de uma tecnologia para outra, 2G, 3G, 4G, 5G e já estamos falando em 6G, falamos em frequências mais altas, equipamentos ficam menores.”

“Na passagem do 3G para o 4G, precisamos de quatro vezes mais antenas para cobrir uma cidade. Do 4G para o 5G, você precisa no mínimo dobrar essa escala. E isso também significa maior necessidade de energia. É um grande problema. A demanda de energia para uma estação radiobase o 5G é 40 vezes maior que o que usamos em uma estação de 0G. Enquanto se fala de tecnologias mais rápidas, células menores, altas frequências, isso se torna cada menos sustentável. E dependendo da aplicação, significa construir uma super rodovia para andar de bicicleta.”

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