Oi explica troca de dívida financeira por 80% das ações
O cerne da nova recuperação judicial da Oi é a renegociação da maior parcela de seu endividamento. Do total de R$ 44 bilhões, a Oi está há meses em tratativas com os principais credores financeiros, que representam R$ 33 bilhões. E como explica o presidente da empresa, Rodrigo Abreu, o plano é cortar metade dessa dívida financeira em troca de 80% da Oi.
“As condições do plano são resultado do processo de negociação. Essa conversão de parte significativa da dívida em ações da companhia é um passo crítico para reduzir a alavancagem da empresa. O resultado é equivalente a um aumento de capital, que faz com que se reduza em até cerca de 50% a dívida financeira, que hoje tem valores próximos a R$ 33 bilhões se considerarmos as dívidas gerais, excluindo os passivos onerosos. Com isso a gente tem uma redução muito significativa da dívida financeira e que cria uma companhia com estrutura de capital sustentável e com prazos e custos de dívida compatíveis com a expectativa de geração de caixa no médio prazo”, disse Abreu.
O presidente da Oi aproveitou a apresentação dos resultados da empresa no quarto trimestre de 2022, realizada nesta terça, 23/5, para responder diretamente questionamentos apresentados pelos acionistas minoritários sobre o novo plano de recuperação judicial. O volume da dívida frente ao valor de mercado da Oi dá o tamanho da troca, explicou Abreu.
“Essa diluição alta de 80% se faz necessária porque é resultante da conversão de um volume de dívida que é muitas vezes superior ao valor de mercado da companhia hoje. A companhia negociou junto a um grupo de credores a manutenção de um valor de 20%, apesar da potencial diluição ser superior, caso considerados somente valores nominais de conversão do total da dívida em ações. Essa capitalização vai observar o direito de preferência dos atuais acionistas no aumento de capital. Esse aumento de capital vai ser feito em valor elevado, resultado da conversão de dívida em equity, mas caso exista interesse essa possibilidade está mantida.”
Ele sustentou que o resultado é favorável porque os 20% restantes representam participação em uma operação com maiores chances de sucesso. E reforçou que o futuro da Oi depende da renegociação da dívida, do fim dos encargos associados à concessão do STFC, e do sucesso da operação de fibra ótica.
“Os credores financeiros atuais passarão a deter até 80% do capital social, reorganizado, e os atuais acionistas 20%. Ainda que essa diluição reduza a participação dos atuais acionistas, nos deixa acionistas de uma companhia mais sustentável”, disse Rodrigo Abreu. “
Ainda que o processo de recuperação tenha sido cumprido à risca, precisa dessas três ações adicionais: a reestruturação da dívida total, ainda alta; equacionar a concessão de telefonia fixa, que é deficitário para a companhia e sem a solução do qual fica impossível pensar em uma companhia sustentável para a frente; e o terceiro pilar é desenvolver o negócio da nova Oi, ganhar escala no negócio de fibra, no negócio de TI e soluções.”