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Para o CADE, regulação e confronto prejudicaram reação dos táxis ao Uber

O impacto do Uber é forte do curto prazo, mas tende a ser menor com a recuperação gradual dos taxistas, especialmente se os incumbentes forem capazes de reagir com descontos ou reduções de tarifa. Segundo mediu o Cade, entre 2014 e 2016 a chegada do Uber comeu 56,8% das corridas de aplicativos de táxis. Mas nas cidades onde o app atua há mais tempo, o baque foi reduzido para 26,1%.

Para o departamento de estudos econômicos (DEE) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, a análise reforça um argumento anterior à lei federal (13.640/18) que regulamenta os apps de transporte no país: “É necessário o amadurecimento do debate na direção da desregulamentação gradual dos serviços de táxi, em especial, nos aspectos relacionados a barreiras à entrada e a liberdade tarifária”.

O Uber foi o primeiro a festejar. “O estudo publicado pelo Cade mostra que a cada 1% de aumento de viagens por Uber, houve uma diminuição de apenas 0,09% nas viagens de aplicativos de táxi – dado que mostra claramente que mais pessoas passaram a usar esta alternativa complementando outras soluções de transporte, tal como o carro particular”, diz nota divulgada pela empresa.

Na análise de fundo, o estudo aponta que nas praças onde chegou mais recentemente (fim de 2016), notadamente no Norte e Nordeste, a redução de corridas de aplicativos de táxi – que valem também para serviços de rádio-táxi – chega a 42,7%. Mas naquelas cidades onde está há mais tempo (desde 2014), no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o efeito já é menos intenso, com queda de 26,1% nas corridas dos concorrentes.

“Essa evidência indica que inicialmente a entrada da Uber em um município pode ter um efeito grande, reduzindo substancialmente o número de corridas de táxi mas, com o passar do tempo, ocorre uma recuperação gradativa do número de corridas do setor incumbente. O setor de táxi por aplicativo reagiu oferendo descontos nos valores das corridas após um período mais longo de exposição a um ambiente competitivo.”


Aí pesaram a regulação que recai sobre os táxis e a escolha do confronto como primeira resposta. “O setor incumbente não adotou uma estratégia de redução de preços como reação imediata ao aumento da concorrência . Dois fatos podem ajudar a explicar esse tipo de comportamento. Em primeiro lugar, a regulação demasiadamente rígida – que impõe tarifas fixas – tende a dificultar ou proibir a aplicação de descontos em corridas de táxi .

Em segundo lugar, observa-se que houve um grande esforço do setor incumbente em reagir à intensificação da concorrência buscando contestar a legalidade dos aplicativos junto à esfera pública, o que também tende a desencorajar ou postergar a adoção de reações via preço.”

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