Plano da Oi prevê investimentos abaixo do necessário, diz Anatel
A aprovação do plano de recuperação da Oi afasta o risco de intervenção da Anatel, mas não é suficiente para colocar a ‘supertele’ de volta aos eixos do mercado de telecomunicações brasileiro. Segundo o presidente da agência, Juarez Quadros, os aportes previstos ainda estão bem aquém do que o regulador entende como necessário para que a Oi volte a brigar de igual para igual com as concorrentes.
“A empresa precisa ter um nível de investimentos de R$ 8 bilhões por ano. Se vai investir a metade, com certeza não é suficiente. Precisa ter como tratar dessa questão. O investimento que vem sendo feito, de R$ 4 bi por ano, é o mínimo necessário para garantir a prestação do serviço”, afirmou Quadros nesta quarta, 20/12, horas depois da aprovação do plano de recuperação em assembleia que terminou na madrugada.
A ‘metade’ mencionada pelo presidente da Anatel se refere à promessa de injeção de R$ 4 bilhões em dinheiro novo, valor que eventualmente poderá crescer em mais R$ 2,5 bilhões com a emissão de novas ações da operadora. O presidente da Oi, Eurico Teles, sustenta que com a aprovação do plano será possível elevar o investimento anual para a casa dos R$ 7 bilhões.
“Conseguiremos pagar as dívidas remanescentes e mudaremos nosso patamar de investimentos anuais de R$ 5 bilhões para R$ 7 bilhões no próximo triênio”, disse Teles ao defender os termos do plano. Essa conta prevê que os aportes, que chegarão a R$ 5,3 bilhões neste 2017, subirão para R$ 7,1 bilhões em 2018, com a expectativa de que fique nesse patamar pelo menos até 2020.
Parte das preocupações da Anatel que levaram o regulador a acompanhar mais de perto a situação financeira da empresa desde 2014, no entanto, está no fato de que a Oi tem investido bem menos que os concorrentes. Naquele ano, vale lembrar, a tele ficou de fora da disputa pela cobiçadíssima fatia de 700 MHz, o que na visão da Anatel já compromete a oferta de 4G da operadora.
“Para ser competitiva, ela precisa rever a posição. Porque enquanto isso as demais operadoras estão investindo de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões por ano. Se ela não acompanhar, vai continuar perdendo competitividade, perdendo mercado, e isso não é bom”, sustentou Quadros.