Preço do FWA ainda afasta uso do 5G para conexão fixa no Brasil
Em que pese estar em ascensão nos mercados de alta renda que já implantaram 5G, as grandes operadoras móveis que atuam no Brasil não veem futuro próximo para a tecnologia de acesso fixo sem fio, ou FWA, na sigla em inglês. O custo é uma barreira importante para o mercado nacional e os equipamentos ainda são caros.
Segundo levantamento da fabricante de equipamentos Ericsson, a oferta mais do que dobrou nos últimos três anos e 75% das operadoras de países com 5G passaram a oferecer FWA. Um outro estudo, da Deloitte Global, prevê que o número de conexões FWA crescerá de cerca de 60 milhões em 2020 para 88 milhões este ano – a alta é de 19% no mercado em geral, mas de 88% nas conexões que usam 5G.
A Claro, líder na oferta de banda larga fixa no Brasil, com 23% do mercado, indica que já estudou usar o FWA, mas por enquanto a estratégia esbarra no custo salgado.
“É um negócio muito localizado e dentro de uma realidade de um país que não é o nosso. Toda essa conversa de 26 GHz, de FWA, quando traz isso para a realidade é um problema, porque um equipamento FWA custa R$ 1,2 mil. Significa que leva 12 meses para pagar só a caixinha, isso se conseguir cobrar R$ 100”, explicou o presidente da Claro, José Félix.
Paulo Cesar Teixeira, que comenda a operação móvel da Claro, reforçou que a tecnologia pode ser usada se os preços caírem. “Esperamos que o preço seja competitivo. A dificuldade hoje é transformar em um produto que tenha competitividade com a fibra. É uma boa solução para casos específicos. Agora, precisa encontrar uma matriz de custo que seja competitiva”, disse.
Na TIM, o presidente Alberto Griselli também aponta para o preço como uma barreira, ao menos nesta etapa inicial de implantação da nova geração tecnológica, para uso disseminado das conexões fixas sem fio.
“Um dos modos de receita com 5G é banda larga. Tem o serviço de FWA, bastante popular em alguns mercados como os Estados Unidos, em tecnologia complementar à fibra em áreas sem disponibilidade de fibra. Mas, no Brasil, a potencialidade é pequena”, afirmou Griselli.
“O custo do CPE é alto”, insistiu o executivo, referindo-se ao equipamento que vai na casa de cada cliente. “US$ 250, proibitivo nesse momento. À medida que escala mundial cresce, o custo da CPE vai baixar, e daqui um par de anos essa possibilidade vai ser um caso de uso que vai incrementar o portfolio”, acredita.