Preterida pelas teles, faixa de 450 MHz está na mira do setor elétrico
Empresas do setor elétrico estão de olho na faixa de 450 MHz, usada a contragosto pelas operadoras móveis, e discutem com a Anatel como costurar a destinação dessa e outras fatias do espectro em caráter primário para as ‘utilities’.
“Fizemos uma pesquisa com as empresas e com fornecedores, para saber quais as aplicações elas utilizam e em quais frequências. É grande o interesse nos 450 MHz e outras faixas, com 2,5 GHz e 3,4 GHz”, explica o vice-presidente da UTC AL, Ronaldo Santarem, em entrevista ao portal Convergência Digital.
A entidade (Utilities Telecom & Technology Council América Latina) reúne grandes grupos e geração, transmissão e distribuição de energia no país. O segmento usa várias faixas, mas admite que isso gera um uso menos eficiente do espectro. Daí o interesse em concentrar nas faixas mencionadas.
O destino da faixa de 450 MHz está em debate no Conselho Diretor da Anatel. A faixa foi vendida para as operadoras móveis em 2014, mas elas alegam dificuldades, especialmente falta de equipamentos, para usar a frequência como pretendiam, para atendimentos nas áreas rurais. Hoje, preferem usar satélite. As elétricas, por outro lado, dizem ter encontrado meia dúzia de fornecedores.
A ideia, assim, é conquistar nacos nesses espectro. Em 450 MHz, fatias de 2+2 MHz ajudariam a compor o quadro (as teles têm 7+7 MHz). “As utilities imaginam que com 10 MHz operam muito bem suas redes num horizonte razoável de 10 a 15 anos. O relatório dos fornecedores mostrou que eles têm equipamentos em todas essas faixas, inclusive nos 450 MHz”.
O relatório conta que foram procuradas 24 empresas e seis responderam favoravelmente: “100% das empresas participantes possuem soluções para automação de rede de distribuição e 80% responderam que possuem soluções para SCADA, voz e dados operativos, medição remota e videomonitoramento”.
Para a Anatel, o tema é importante porque são empresas de infraestrutura crítica. A agência já recebeu os relatórios em dezembro e na próxima semana, durante o UTC Summit AL 2018, no Rio de Janeiro, volta a sentar com as elétricas para discutir possíveis caminhos para os pleitos de frequências em caráter primário para o setor.