Quatro estados já usam e 10 estão na fila para medir isolamento com celulares
Criada para ajudar o governo federal no combate à Covid-19, a ferramenta que usa a contagem de celulares em estações radio-base para verificar deslocamentos e aglomerações foi adaptada para servir estados e grandes cidades com as informações, transformadas em “mapas de calor”. Em uma semana, quatro estados e cinco grandes cidades já aderiram.
“A ferramenta já está operando e pode ser usada em nível federal, estadual e por capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes. Até aqui 22 entes demonstraram interesse e nove já fecharam: os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Pará, as capitais Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, além de Campinas (SP) e Campos (RJ)”, diz o presidente executivo do Sinditelebrasil, o sindicato nacional das operadoras, Marcos Ferrari.
Adesão e acesso são totalmente online, mas exigem contato por um email ‘.gov’ e ofícios assinados pelas autoridades máximas estadual ou municipal. O sistema é o mesmo que Vivo, Claro, Tim, Oi, Algar e Sercomtel ofereceram ao governo federal, mas que foi descartado por Jair Bolsonaro – embora a alegação de preocupação com a privacidade soe inverossímil depois que o próprio ordenou que as teles entregassem nome, endereço e telefone de todos os clientes ao IBGE.
A partir do pedido de adesão, feito em sistema desenvolvido pela ABR Telecom, a mesma entidade responsável pelos registros de portabilidade numérica, o acesso é liberado em 48 horas por meio de senhas restritas – cada ente pode indicar no máximo até cinco pessoas, portanto ter até cinco senhas. Elas dão acesso a um dashboard com dados de isolamento social do dia anterior, por meio de gráficos e mapas com as manchas de onde estão os celulares.
Além dos que já assinaram com as teles, estão no processo de adesão os demais estados do Nordeste, além do Espírito Santo e o Distrito Federal. Segundo Ferrari, o que a plataforma faz é medir a quantidade de celulares em cada ERB, sem identificação individualizada
“É uma ferramenta muito simples de entender, que está conforme a legislação vigente e com a própria Lei Geral de Proteção de Dados. Portanto, não há risco nenhum de invadir privacidade dos dados. Aqui não se sabe quem é a pessoa, apenas uma mancha de calor. Mas permite fazer uma aproximação estatística muito apropriada para o controle eficiente da propagação da Covid-19”, afirma.