Teles negociam embarcar pagamentos no PIX
As operadoras de telecomunicações são estratégicas para o ecossistema do PIX, sistema de pagamento instantâneos, cujo regulamento, o Banco Central divulgou nesta quarta-feira, 12/08, e que tem operação confirmada para o dia 16 de novembro. Em live realizada pelo Jota e pelo SindiTelebrasil, o VP de estratégia e transformação digital da TIM Brasil, Renato Ciuchini, e o diretor de inovação e serviços digitais da Vivo, Rodrigo Gruner, admitem que o novo modelo é uma oportunidade de negócios e de redução de custos.
“Minha estimativa é que as operadoras do Brasil gastem, entre arrecadação de fatura e de recarga, em torno de R$ 1 bilhão por ano. [Com o Pix] existiria melhora de experiência do cliente, na eficiência e nos custos. Participamos do grupo de trabalho do Banco Central e estamos nos preparando para ingressar e usar o Pix como meio de pagamento dos nossos serviços. Vemos isso como grande oportunidade nos próximos meses e em 2021”, observou o VP da TIM Brasil, Renato Ciuchini.
O executivo lembrou que o pagamento em boleto leva alguns dias para cair na conta, mas o consumidor pagou, quer o serviço reativado, o que impõe uma relação de confiança. Agora, com o PIX se passa a ter uma relação efetiva, com pagou, comprovou, em tempo real. “Esse sistema é confuso e gera um gasto alto da nossa parte”, observa.
O diretor de inovação e serviços digitais da Vivo, Rodrigo Gruner, diz que não há como não acompanhar de perto a digitalização dos serviços financeiros. “Acreditamos no potencial dos pagamentos instantâneos e estamos avaliando oportunidades e conversando com diversos players do mercado”, observou. Gruner revelou até que o Vivo Money, piloto lançado no ano passado, e que é voltado para empréstimo pessoal, será lançado comercialmente até o final desse ano.
O diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, pediu às operadoras que elas atuem no PIX, com a função de ‘recebedoras’. Hoje, as concessionárias de energia já estão embarcadas no ecossistema. “Estamos em conversas com as telcos, via SindiTelebrasil, para que embarquemos também elas como recebedoras. Seria algo conveniente e barato”.
A cereja do bolo do pagamento instantâneo, no entanto, será a criação de uma carteira digital comum – proposta colocada à mesa pelo presidente da TIM, Pietro Labriola – e que angaria olhares positivos das demais operadoras. Essa wallet seria criada a partir dos créditos pré-pagos, o que gira em torno de R$ 20 bilhões por ano. O negócio está em negociação e há poucos detalhes sendo revelados pelas partes.
PIX na prática
A partir de 5 de outubro os brasileiros vão poder associar sua conta bancária a uma chave de endereçamento pessoal (número de telefone celular, email ou CPF) para receberem pagamentos pelo Pix. Esse registro poderá ser feito através do app ou site da instituição financeira contratada. Os dados ficarão armazenados no Diretório Identificador de Contas Transacionais (DICT), um banco de dados criado pelo Banco Central especialmente para o Pix. Os pagamentos instantâneos, contudo, só começarão a ser feitos a partir do dia 16 de novembro, quando o serviço será disponibilizado para a população.
Apesar de retaliar a tese que o PIX vem para ‘matar’ outros serviços financeiros como DOC e TED, entre outros, o diretor do BC, João Manoel Pinho de Mello, afirmou que o PIX será, sim, mais barato que os demais. Um pacote de 10 transações no PIX custará R$ 0,01 aos bancos, aquando a TED, custa R$ 0,07. O preço ao consumidor final da tarifa será estabelecido pelas instituições financeiras e o Banco Central descarta tabelamento, mas sustenta que haverá fiscalização para que ‘a competição de fato aconteça no sistema financeiro’. O executivo aproveitou ainda para afirmar que o Banco Central não vai prestar serviço direto ao consumidor. “Isso está totalmente fora do nosso radar. Seremos responsáveis pelo ecossistema que permitirá o PIX funcionar”, completou.