TIM: concorrência no pré-pago não está saudável no Brasil
A concorrência no mercado pré-pago não está saudável, advertiu o presidente da TIM Brasil, Sami Foguel, durante teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2018, realizada nesta quarta-feira, 20/02. “O ambiente está muito agressivo no pré-pago com o preço a todo custo. A TIM não vai entrar em uma guerra de preços. Essa decisão foi tomada. Já no pós-pago, a concorrência está mais ‘leve’, se é se podemos usar esse termo. Nossa ideia é qualificar o nosso cliente e favorecer as migrações para o pós-pago”, observou o executivo.
Para Foguel, a concorrência no mercado em 2019 terá cada vez mais de se basear em serviços, produtos adequados, qualidade e canais e não em preços. O presidente da TIM Brasil não quis adiantar sobre investimentos para o ano – até porque o resultado da controladora Telecom Italia será conhecido nesta quinta-feira, 21/02 – mas assegurou que o plano será “sólido, realista e coerente” e terá como prioridades a gestão do pré-pago, a atenção à eficiência, a retomada no mercado corporativo (B2B) e na expansão da TIM Live, a banda larga fixa da operadora. Em 2018, a TIM investiu R$ 4 bilhões, um pouco menos dos R$ 4,1 bilhões investidos em 2017.
Sobre banda larga, aliás, a TIM deixou claro que não vai entrar em disputa nas cidades já com dois, três concorrentes. O plano de expansão é levar a TIM Live para as localidades onde não há a oferta do serviço.” É assim que a gente enxerga o valor do negócio e que há muita oportunidade para crescer”, observou. Com relação às parcerias de conteúdo, a TIM diz que seguirá com a sua estratégia de mirar a qualidade dos conteúdos.
No resultado, um ponto trouxe preocupação: o provisionamento necessário para a carteira de clientes inadimplentes. Em 2018, o maior aumento nos custos ocorreu na provisão para devedores duvidosos (PDD), que saltou 78,6% no último trimestre e 67,5% no ano como um todo. “Adotamos medidas no call center e de gestão para reduzir essa inadimplência e acreditamos colher os frutos no segundo semestre. O momento é de recuperar essas perdas”, salientou o presidente das TIM Brasil.
Questionado sobre consolidação no mercado brasileiro, Sami Foguel afirmou que acredita, sim, que em um futuro próximo, ela acontecerá. “Sabemos que há países com três ou até duas operadoras. Mas nesse momento não temos nenhuma negociação acontecendo. Há quatro anos, podia ter sido (referindo-se à possível fusão com a Oi), mas agora, trabalhamos muito para ter eficiência e cumprir nossas metas e entregar o que nos comprometemos concretamente”, completou o executivo.
Balanço financeiro
A TIM reportou no quarto trimestre de 2018, um lucro líquido de R$ 637 milhões no período que compreende outubro a dezembro, expansão de 5,3% sobre os mesmos meses de 2017. Para o ano todo, o lucro líquido saltou 107,3%, atingindo R$ 2,56 bilhões. A receita bruta aumentou 10%, para R$ 6,44 bilhões. No ano, cresceu 7,5%, para R$ 24,3 bilhões. A receita líquida, por sua vez, aumentou 5,2% no trimestre, para R$ 4,4 bilhões. E +5% no ano, para R$ 17 bilhões.
A empresa faturou mais com serviço móvel. Este cresceu 3,6%, chegando a R$ 3,99 bilhões no trimestre. A receita com fixo aumentou 5,6% ano a ano, para R$ 226 milhões. Nos 12 meses do ano, o serviço móvel registrou receita de R$ 15,3 bilhões, alta de 4,5% frente 2017. Já o fixo cresceu 11,2%, atingindo R$ 860 milhões.
A base de clientes pós-paga cresceu 13,7%, e já significa 36,2% do total de acessos móveis da TIM. Na ultra banda larga fixa, o TIM Live cresceu 19,1% a.a., encerrando 218 com 467 mil clientes. A receita média por usuário do móvel aumentou 8,4%, para R$ 23,7. Enquanto a ARPU da TIM Live subiu 13,9%, para R$ 82,1.
A tele reporta que chegou com sua rede LTE (4G) a 3.272 cidades. A tecnologia de voz sobre LTE (VoLTE) funciona em 2,5 mil cidades. Cobertura esta criada por uma rede de 18,8 mil sites, 67% dos quais conectados a backhaul de alta capacidade. Ao menos 250 cidades já contam com espectro 4G em 2,1 GHz, resultado de refarming do 3G. A empresa também concluiu o ano com 21 data centers, dos quais 10 data center core, e 11 data center edge.
No FTTH, a TIM reporta que alcançou 1,1 milhão de domicílios (homes passed) em 11 cidades ao longo de 2018. Com FTTc, são 3,5 milhões de pontos. Ao todo, as redes FTTx da empresa estão em 14 cidades. A TIM Brasil terminou 2018 com 55,9 milhões de clientes móveis, redução de 4,6% da base em função do desligamento de mais de 5 milhões de chips no pré-pago. No fixo, eram 897 mil telefones e 467 mil clientes em banda larga.
A operadora terminou 2018 com uma forte queda na relação de endividamento medida pela dívida líquida sobre Ebitda, que recuou a 0,22 vez ante 0,45 vez no final de 2017. A dívida líquida totalizou 1,46 bilhão de reais ante 2,7 bilhões no fim do quarto trimestre do ano anterior.