TIM descarta antecipar arbitragem com a Oi por conta da crise da rival
A TIM já migrou 7,8 milhões de linhas pré-pagas da Oi e 800 mil linhas pós-pago para a sua base até o final de janeiro, revelou nesta sexta-feira, 09/02, em teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2022, o CEO da TIM Brasil, Alberto Grizelli. Na aquisição da Oi Móvel, a TIM ficou com uma base de 16,1 milhões de assinantes. A operadora também ‘limpou’ 5,1 milhões de clientes com tráfego zero vindos da Oi e vai reclassificar cerca de 1 milhão de linhas do que era Oi Controle para pré-pago neste primeiro trimestre.
Grizelli adiantou ainda que o processo de migração de ativos e de clientes se encerra no final de março. Também no dia 04 de março termina o prazo para a venda de ERBs, condicionante para a aprovação da compra da Oi Móvel por TIM, Vivo e Claro por R$ 16,2 bilhões. Mais de 500 sites foram descomissionados no quatro trimestre de 2022. A previsão é que mais 3 mil sites sigam o mesmo caminho ao longo deste ano. Depois, pontuou, o relacionamento com a Oi será de “tão somente um competidor de banda larga”.
Sobre o impacto da crise da Oi na V.tal – a TIM se tornou a segunda principal cliente da rede neutra, que tem a Oi como sócia – a operadora rejeita intercorrências. “Iniciamos um piloto com a V.tal no Paraná há poucos dias e já estamos vendo os resultados. Já temos 2 milhões de HPs (home passeds) passados no Paraná. Já passamos de 100 milhões de HP no Brasil e temos mais de 66 cidades cobertas, além do Distrito Federal. Vamos poder detalhar mais sobre esse piloto no Paraná e a sua expansão no próximo trimestre”, revelou Fábio Avellar, Chief Revenue Officer (CRO) da TIM Brasil.
Ainda com a Oi à mesa, a TIM Brasil foi bastante cautelosa ao falar sobre o desligamento de 5,1 milhões de linhas – quase 30% do que foi comprado de base pela tele. Alberto Grizelli evitou todo o tempo em falar em equívoco ou erro de números, mas admitiu que há interpretações distintas do que é controle ou pré-pago, por exemplo. Mas deixou claro que a aquisição foi estratégica. “A compra da Oi foi um ótimo negócio para a TIM. Há sinergia estrutural”, reiterou Grizelli.
Sobre a venda de ERBs que se sobrepõem entre TIM e Oi, algo em torno de 3000, a operadora diz que o prazo final, agora, é dia 04 de março. O VP regulatório, Mario Girasolle, não quis revelar se há interessados. “Vamos esperar o dia 04 de março para anunciar. Se não tivermos interessados, vamos ver outras formas de comercializar esses ativos”, reforçou.
E por fim, a TIM não se revelou disposta a acelerar a arbitragem com a Oi por conta dos R$ 1,5 bilhão, depositados em juízo, referente à diferença contestada pela tele no negócio da Oi Móvel. O valor total é de R$ 3,2 bilhões, porque envolve também montantes da Vivo e da Claro. “O processo arbitral é o caminho para se resolver a situação. Não há negociação paralela para antecipar qualquer ajuste. A arbitragem vai definir essa questão”, completou o CEO da TIM, Alberto Grizelli.
Balanço financeiro
2022 se mostrou mais desafiador para a TIM, com queda no lucro e na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) na comparação com 2021. Por outro lado, segundo o balanço financeiro, houve um avanço na receita no período.
A receita líquida da TIM cresceu 22,4% no quarto trimestre, totalizando R$ 5,874 bilhões. Nos 12 meses, o total foi de R$ 21,580 bilhões, aumento de 19,5%. Desses, o serviço móvel foi responsável por R$ 5,305 bilhões no trimestre (aumento de 22,7%) e R$ 19,644 bilhões no ano (19,3%). O serviço fixo obteve R$ 323 milhões no trimestre (avanço de 9,1%) e R$ 1,234 bilhão no ano (7,6%).
A TIM obteve EBITDA (reportado) de R$ 2,852 bilhões no último trimestre, queda de 10,7%. No acumulado do ano, foi de R$ 10,049 bilhões, avanço de 6,2% no comparativo anual. A margem EBITDA reportada caiu 17,5 pontos percentuais, ficando em 49% no trimestre. Considerando o ano inteiro, o recuo foi de 5,7 p.p., com 46,7%. O lucro líquido reportado também apresentou queda: de 47% no trimestre, total de R$ 538 milhões; e de 43,5% no ano, para um total de R$ 1,671 bilhão.
Nos números normalizados da operadora, que incluem itens não recorrentes e créditos fiscais referentes ao contrato intercompany com Cozani (ou seja, a fatia da Oi Móvel incorporada pela operadora), a companhia obteve desempenho menos negativo. O lucro líquido caiu 18,4% no ano, enquanto o EBITDA normalizado cresceu 17,2%. Nos últimos três meses do ano passado, o Capex normalizado da empresa foi de R$ 1,375 bilhão, aumento de 9,6%. Já o acumulado de 2022 foi de R$ 4,730 bilhões, crescimento de 8%.