Vivo assume que rede neutra fará a diferença no 5G
Durante a teleconferência de resultados financeiros do quarto trimestre de 2020, realizada nesta quarta-feira, 24/02, a Vivo deixou claro que a infraestrutura 5G vai replicar o modelo adotado para a expansão do FTTH, onde a empresa paga pelo uso da rede de terceiros, em especial, de redes neutras voltadas ao atacado. Inicialmente, essa rede está batizada de FiBrasil, pelo menos, até a aprovação final do fundo investidor estrangeiro com o qual está em negociação avançada.
O CEO da Vivo, Cristian Gebara, adotou um tom bastante cauteloso ao falar sobre o 5G- diz aguardar as definições da reunião do Conselho Diretor da Anatel, nesta quinta-feira, 25/02 – mas sustentou que vai partir para o uso de infraestruturas de terceiros como forma de reduzir o investimento próprio.
“O investimento será do parceiro como temos no modelo com a American Tower para o FTTH. Nós vamos pagar pelo uso da rede”, explicou Gebara. O executivo disse que o planejamento prevê a separação (carv-out) de 1,6 milhão de homes passed da rede da Vivo, que planeja chegar a 5,7 milhões nos próximos anos. Expectativa da Vivo é chegar a 24 milhões de domicílios cobertos até o final de 2024.
Na teleconferência de resultados, a Vivo reafirmou que serviços de voz, ADSL e DTH (TV por assinatura) não são mais estratégicos e os clientes dessas bases de serviços serão incentivados a migrar para as novas ofertas, no caso do ADSL para o FTTH e no caso do DTH para o IPTV. A incorporação da Oi Móvel também é considerada estratégica para a Vivo, que pagou R$ 5,5 bilhões para ficar com 43 MHz de espectro e aproximadamente 10,5 milhões de clientes.
“Há uma grande sinergia de OPEX e Capex e esperamos ter a incorporação aprovada no segundo semestre. A venda da Oi Móvel não foi boa apenas para a Vivo, mas para a indústria de telecomunicações. Asseguramos que vai melhorar a oferta de serviços para os clientes no País”, disse Gebara. Em 2020, a Vivo reduziu o investimento para R$ 7,789 bilhões, sendo que 31% desse montante foram destinados para FTTH e IPTV.
Balanço financeiro
O segmento móvel da Vivo manteve o crescimento e atingiu mais de 78,5 milhões de acessos, um aumento de 5,3% frente ao mesmo período do ano anterior, liderando o mercado com participação de 33,6% – o maior nível em mais de dez anos. O pós-pago se destaca. No último trimestre, foram registradas 909 mil novas adições, totalizando 45 milhões de acessos, e o menor churn (índice de rotatividade dos clientes) dos últimos cinco anos, com índice de 1,12% ante 1,65% em comparação com igual período do ano anterior. Sua base representa 57% de todos os acessos móveis da empresa, com market share de 37,7%.
No trimestre, a receita líquida móvel teve crescimento anual de 1,6%, alçada pela performance do serviço móvel, com alta de 2,1% no período, sinalizando a retomada dos níveis pré-pandemia, e dividida entre o avanço de 1% nas receitas do pós-pago – na comparação com o trimestre anterior essa alta foi de 4,9% – e de 7,3% no pré-pago.
A Vivo mantém a atratividade do segmento por oferecer a maior cobertura móvel, liderando o setor em terminais 4G, com market share de 32,7%, e pelos serviços integrados aos planos móveis. O Vivo Selfie, o mais novo portfólio pós-pago, oferece aos clientes acesso às plataformas Netflix, Spotify, Premiere, Telecine e Disney+. O mesmo ocorre nos planos de fibra com as assinaturas opcionais de Netflix ou Disney+ – que representaram mais de 25% das novas adições entre outubro e dezembro.
A empresa encerrou o ano com R$ 4,8 bilhões de lucro líquido, uma redução anual de 4,6%. Mesmo com queda, há expressiva evolução nas receitas dos segmentos estratégicos e rentáveis. O EBITDA – resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – do trimestre foi de R$ 4,9 bilhões, com crescimento de 0,8% em relação ao ano anterior em termos recorrentes. A margem EBITDA do período atingiu 43,6%, com alta de 1p.p. em relação ao ano anterior em termos recorrentes – uma das mais altas da história da companhia. Em 2020, o EBITDA foi R$ 17,7 bilhões, com redução de 1,2% em termos recorrentes, e margem de 41,1% – alta de 0,6 p.p.