Vivo: Não há acordo com a Anatel sobre impasse da tarifa de roaming
A incorporação da Oi Móvel, já é sentida balanços financeiros das operadoras Vivo, TIM e Claro, que compraram a unidade por R$ 16,5 bilhões. Ao revelar os dados do segundo trimestre, nesta quarta-feira, 27/07, a Vivo reportou que a Oi adicionou 1,4 milhão de assinantes pós-pago à base da Vivo no período, mas a operadora admite que a grande maioria a ser adicionada é de pré-pago, algo em torno de 11 milhões de assinantes. “Nosso trabalho é convencer esse assinante Oi pré-pago ir para o pós-pago por conta da qualidade da rede e do serviço ofertado”, pontuou o CFO da Vivo, David Melcon. Segundo ele, a incorporação da Oi impacta os resultados desde o dia 01 de abril, e as margens vão crescer e melhorar nos próximos trimestres.
“Temos um acordo de pagar R$ 150 milhões para a Oi porque eles ainda cuidam dos clientes que serão migrados de forma gradual nos próximos 12 meses e teremos de fazer investimentos pontuais na rede para agregar, em algumas áreas esses clientes. Estamos vendo a migração acontecer, tanto que a portabilidade numérica chegou a 31%, ante 16% no mesmo período no ano passado. E comemoramos o churn (que é a troca de operadora) ter caído para 1,1%, quando já foi de 1,5%”, adicionou o CFO da Vivo.
Se a integração segue como o previsto no cronograma, o impasse com a Anatel pelo cálculo da tarifa de roaming- um dos remédios aplicados pelo CADE – prossegue, sem previsão de acordo. A Anatel tenta derrubar as liminares obtidas pelas teles contra o custo estabelecido pela agência, mas, até agora, não conseguiu.
Na teleconferência de resultados, o CEO da Vivo, Christian Gebara, insistiu que as teles não são contra os remédios aplicados, mas, há uma divergência com relação ao modelo de cálculo adotado para definir as novas tarifas de roaming, que ficam bem abaixo do estabelecido até então.
O executivo não comentou sobre a ameaça feita pelo presidente da Anatel, Carlos Baigorri, de revisão da venda da Oi Móvel, se não houver o cumprimento da medida. “Nós discordamos do modelo usado para definir a tarifa. Nós usamos as regulamentações existentes e apresentamos um novo modelo de cálculo, mas não temos um acordo”, completou Gebara, em tom cauteloso, até em função da disputa judicial.
Balanço financeiro
O balanço financeiro da operadora no segundo trimestre apontou uma alta de 11,1% na receita líquida do grupo, que ficou cem R$ 11,831 bilhões, impulsionada pela adição de 12,6 milhões de clientes móveis da Oi. Mesmo com a alta no faturamento, o lucro líquido da companhia recuou 44,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2021 – para R$ 746 milhões de abril a junho.
O movimento é associado à alta de 282% na despesa financeira (R$ 601 milhões) por conta do maior endividamento médio após a aquisição de licenças 5G – a Vivo já pagou R$ 2,4 bilhões dos R$ 2,7 bilhões devidos pelas licenças – do aumento da taxa de juros e do reconhecimento de contratos de leasing no padrão contábil IFRS16.
Com a Oi, a receita líquida do segmento móvel cresceu 16%, para R$ 8,1 bilhões. Deste total, R$ 7,415 bilhões vieram da venda de serviços (alta de 15,1% que ficaria em 9,4% sem clientes da Oi) e de aparelhos móveis (salto de 26,4%, para R$ 695 milhões). Sem a Oi, o crescimento seria de 7,6%.
A Vivo encerrou junho com 99 milhões de acessos móveis, sendo 57 milhões pós-pagos, que correspondem a 80% da receita de serviços do segmento. Além de 4,6 milhões de clientes da Oi, a empresa adicionou 1,3 milhão de assinantes pós de forma orgânica no trimestre. No caso dos 42 milhões de clientes pré-pagos, destaque para alta de 14,4% na receita apurada no trimestre, impulsionada pela chegada de quase 8 milhões de clientes da Oi na modalidade e de reajustes de preços.
Na banda larga fixa, o principal destaque foi o FTTH, que avançou 23,7% em faturamento e atingiu R$ 1,314 bilhão no trimestre. A empresa tem 5 milhões de clientes de banda larga em fibra óptica, 21 milhões de casas passadas (HPs) com a tecnologia e 61 cidades ativadas nos últimos 12 meses.