Telecom

WEG/V2COM vai disputar mercado de rede privativa com teles móveis

A multinacional brasileira WEG, dominante no segmento de motores e equipamentos elétricos, e sua subsidiária V2COM, concluíram testes de rede privativa 5G e vão disputar esse mercado, tanto em parcerias com operadoras móveis como com soluções próprias. O grupo testou uma primeira onda de soluções industriais e aponta que mesmo em escala pequena, a partir de 500 sensores por antena, a adoção da tecnologia já faz sentido econômico. 

“Temos uma estratégia dual. Estamos entrando para, em primeiro lugar, utilizar essa tecnologia, mas também para ser fornecedor, parceiros da indústria, da cidade, do agro, com oferta ampla e integrada de soluções completas e digitais. O céu é o limite”, disse o diretor de relações institucionais do grupo catarinense, Daniel Godinho, em apresentação dos resultados nesta quinta, 24/11, junto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e a Anatel. 

A WEG testou duas redes paralelas na unidade da empresa em Jaraguá do Sul (SC), uma totalmente própria, com equipamentos Nokia; uma segunda fornecida pela Claro, com equipamentos Ericsson. Uma primeira onda de experiências se deu a partir do Release 15, com 5G NSA e agora já começa no Release 16, o 5G ‘pleno’. Na rede própria, a empresa usou a faixa de 3,7 GHz. Na rede contratada, a faixa de 3,5 GHz da Claro. A faixa de 26 GHz ainda exige maturidade (leia aqui). 

“Queríamos testar a alternativa de ter uma rede totalmente privada, com infraestrutura 100% gerenciada por nós, e trazer uma operadora (Claro) provendo o serviço. Colocamos na fábrica duas redes concomitantes operando no mesmo espaço, em experiências para tentar descobrir um modelo que de largada fosse vantajoso”, explicou o CEO da V2COM, Guilherme Spina. A V2COM é uma empresa de comunicações criada em 2002, que em 2019 teve 51% do capital adquirido pela WEG. E será o veículo desse novo nicho. 

A avaliação da rede privativa 5G se deu a partir de uma parceria da Anatel com a ABDI para disseminar a nova tecnologia. “Esse projeto mostrou coisas importantes. Mostrou-se que é possível, que exige custo e tecnologia, mas pode ser um ponto de virada para a indústria. Esse projeto continua com o release 16, ajudando a difundir os casos de uso do 5G”, destacou o presidente da ABDI, Igor Calvet. 


Segundo Spina, da V2COM, o desempenho da rede própria e da rede contratada é muito próximo. “Os dois modelos são decisão puramente econômica de Capex e Opex. As infraestruturas são bastante semelhantes. A rede própria vai exigir equipe interna de TI e telecom que seja mais especializada. Na rede da operadora é outsourcing.”

O porte do cliente provavelmente vai fazer essa distinção, acredita o CEO da V2COM. “É a mesma tecnologia, os mesmos preços. Uma diferença é que a operadora vai ter escala, o que pode fazer com que para empresas menores seja mais vantajoso contratar. E para as maiores, há a escolha, que envolve um custo de captação, e é mais uma decisão empresarial.”

No caso da WEG, a experiência se deu em uma unidade com 3 mil metros quadrados. Mas as contas sustentam viabilidade mesmo em escala reduzida. “Se consegue ter uma densidade de 500 dispositivos por antena, o 5G já ganha do WiFi, cuja rede degrada a partir de 200 dispositivos”, calcula Spina. 

Os resultados indicam que as redes Wi-fi são ainda “mais econômicas para os casos de uso atuais que não requerem alta transmissão de dados e baixa latência. Mas o custo já alcança o equilíbrio a partir do segundo múltiplo de pontos, em função da flexibilidade da infraestrutura oferecida pelo 5G”.

Esse entendimento é de que “para fábricas novas (greenfield) que requeiram a conexão de múltiplos pontos, é mais vantajoso iniciar a jornada com 5G. Para indústrias existentes, o 5G é adequado para os casos em que se deseja a conexão de mais de 200 pontos por célula. Para redes integradas independentes, onde a infraestrutura 5G ficará na indústria, e com número de pontos acima de 500 dispositivos conectados, é esperado o retorno de investimento entre o terceiro e quarto ano, podendo ser acelerado pelo aumento do número desses pontos conectados”.

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