Opinião

Cabos submarinos invertem o fluxo com a geração de conteúdo brasileiro

Aqueles que pensam que os cabos submarinos são novidade no mercado de telecomunicações brasileiro se enganam. O primeiro cabo submarino no Brasil é datado de 1874, em uma linha que interligava Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém. A primeira conectividade internacional foi realizada um ano depois, com Portugal, e foi concluída em um contrato com a empresa British Eastern Telegraph Company.

Muito tempo se passou e a conectividade por cabos do Brasil com o resto do mundo hoje conta com uma amplitude muito maior e objetivos distintos, dependendo das respectivas localidades. Até 2019, serão 16 cabos submarinos que interligam nosso país com Estados Unidos, Europa e o restante do planeta, financiados por grandes empresas como Netflix, Amazon, Facebook e até o Google, que ativou seu primeiro cabo submarino no início de junho e prepara outros dois para um futuro próximo.

De acordo com a consultoria Telegeography, existem mais de 448 cabos submarinos em todo o mundo, que somam mais de 1,2 milhão de quilômetros. No Brasil, são sete em funcionamento e nove em construção. Dados publicados pelo jornal NEXO apontam que os cabos submarinos são responsáveis por 99% das comunicações transoceânicas no mundo. Instalados no fundo do mar, carregam fibras ópticas que trafegam dados com nossas vozes, imagens e mensagens com capacidade de tráfego de dados até 1.000 vezes maior que os satélites, atingindo alguns Terabits de informação por segundo.

A presença destas grandes empresas internacionais em solo brasileiro é benéfica para ambas as partes. Com o avanço da tecnologia e qualidade, os usuários contam com uma experiência aprimorada, acessando conteúdos desenvolvidos nos Estados Unidos e Europa de forma rápida e com altíssima qualidade. Pensando por outro ângulo, apesar de estarmos acostumados com a situação anterior, também podemos exercer o papel oposto, de gerador e provedor de conteúdo, exportando formatos, narrativas e entretenimento para outros continentes.

Isto não é imaginação, já se tornou uma realidade com o fluxo de cabos submarinos do Brasil para a África. Instalado em fevereiro em Fortaleza (CE), o primeiro cabo submarino que atravessa o Atlântico Sul terá como destino Angola, oferecendo internet de altíssima velocidade. O objetivo é simples: estruturação de possíveis negócios entre sul-americanos, africanos e também asiáticos.


O cabo South Atlantic Cable System (SACS) tem mais de 6 mil quilômetros e cria uma rota alternativa de comunicação mundial. Esta é uma tendência global que deve se concretizar nos próximos anos, atendendo a necessidade de países em desenvolvimento de garantir sua própria conectividade internacional, criando rotas independentes dos países desenvolvidos.

*Célio Mello é Gerente de Produtos e Projetos Estratégicos da Eletronet

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