Empresas ainda temem impacto dos custos da interferência do 5G nas parabólicas
A forma e o custo da ‘limpeza’ da Banda C estendida, de forma que o 5G possa contar com 100 MHz adicionais na faixa intermediária, permitindo a venda de todo o naco entre 3,4 MHz e 3,7 MHz, é ainda uma das principais preocupações com o edital de espectro para implantação da nova tecnologia.
As operadoras de satélite sustentam que essa mudança foi incluída de última hora na proposta de edital apresentada pela Anatel. Mas mesmo as teles móveis, principais interessadas nesse ajuste, entendem que ainda não está devidamente explicitado como se dará, e especialmente quanto vai custar, esse processo.
“A proposta afeta serviços já oferecidos em variada gama de serviços e isso exige um debate mais completo. É imperativo que se avalie os impactos diretos e indiretos pelo uso da faixa de 3,6 GHz a 3,7 GHz”, apontou o presidente do Sindisat, Luiz Otavio Prates, durante a audiência pública sobre o edital 5G realizada pela Anatel nesta quinta, 12/3.
Esses 100 MHz adicionais – para além da intenção original de licitar as faixas entre 3,4 a 3,6 GHz – atendem a demanda das operadoras por espectro na principal fatia destinada para a nova tecnologia. Mas isso exige que as operadoras de satélite sejam deslocadas e, consequentemente, indenizadas.
“Diversos aspectos levantam preocupações. O setor foi pego de surpresa pela decisão repentina de ampliar 100 MHz, em que há questões técnicas, jurídicas e econômicas que devem ser analisadas”, emendou a representante da Hispamar, Karina Gadelha.
Para as teles, além da indenização é preciso que fique antecipadamente esclarecido o tamanho do custo envolvido com a mitigação das interferências entre o uso da Banda C estendida pelo 5G e a recepção das antenas parabólicas. “Tudo isso precisa estar corretamente calculado e como parte integrante do preço mínimo [das faixas] para garantir previsibilidade”, destacou o diretor do Sinditelebrasil, Sérgio Kern.
Nesse contexto, a interferência foi um dos motivos para os vários e repetidos pedidos para que a Anatel prorrogue o período de consulta pública, dobrando o prazo atual de 45 dias que se encerra em 2/4. Em particular, porque o relatório final dos testes de interferência só será apresentado em 24/4.
Embora os vários pedidos de prorrogação do prazo devam ser avaliados pelo Conselho Diretor da agência nas próximas semanas, a área técnica sustenta que haverá resultados já disponíveis para o mercado. “Temos testes que serão realizados para receptores domiciliares e profissionais e teremos resultados parciais ao longo do tempo. Até o fim do mês já teremos resultados parciais que poderão ser usados”, afirmou o superintendente de outorga e recursos à prestação, Vinicius Caram.