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Telecom

Smartphones ficam mais caros, venda cai e mercado cinza também recua no Brasil

O mercado brasileiro de celulares vendeu 42.6 milhões de aparelhos, sendo 40,681 milhões de smartphones e 1,925 milhão de feature phones em 2022. Isso significa uma retração de 6,31% e de 18,28%, respectivamente, em relação a 2021, aponta a IDC Brasil. A receita gerada foi de R$ 77,09 bilhões, uma queda de 1,74% em relação ao ano anterior. Até mesmo a venda dos terminais 5G ficaram abaixo das expectativas.

Para Andreia Chopra, analista de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, os impactos econômicos pós-pandemia se mostraram mais acentuados em 2022 e muitos consumidores que planejavam realizar a troca do smartphone precisaram adiar a nova aquisição. Outra mudança do último ano diz respeito à reabertura das lojas físicas, mas Andreia destaca que isso não foi o suficiente para atrair mais consumidores e recuperar os números do setor, que estão em queda desde 2020.

“Embora as vendas em lojas físicas tenham sido maiores em 2022, o consumidor priorizou modelos mais simples e antigos frente aos lançamentos, fazendo com que o volume de aparelhos 5G vendidos ficasse abaixo das expectativas”, pontuou a analista.

Em relação aos preços médios dos aparelhos, houve aumento tanto nos de smartphones quanto nos de features phones, ambos diretamente impactados pela inflação e pela alta da taxa de juros. Enquanto os smartphones ficaram 5% mais caros em 2022, com ticket médio em R$ 1.887,00, os feature phones aumentaram 3,2%, chegando a R$ 161,00. “A queda no volume de unidades vendidas em 2022 impediu que as receitas fossem maiores do que no ano anterior, mesmo com os aparelhos custando mais caro”, ressalta a analista.

Mercado cinza em baixa


A boa nova é que, em 2022, o mercado cinza também recuou, apesar de ainda se manter atuante. Do total de unidades vendidas no ano, 2.724.281 foram comercializadas no grey market. “O resultado indica que o consumidor procurou mais segurança nas compras e, já que não dispõe de grandes condições para realizar uma troca de aparelho, a possibilidade de adquirir um produto com garantia pode ter sido um dos critérios que fizeram a diferença”, explica Andreia.

Entre os aparelhos comercializados no mercado cinza, 93.224 são feature phones e 2.631.057 smartphones. “É um volume 24,61% menor do que em 2021. O mercado cinza foi menos atraente ao consumidor e assim não conseguiu apresentar um crescimento significativo para capturar a demanda que buscava modelos de smartphones mais baratos”, esclarece Andreia.

2023: o que vem por aí

Para a IDC Brasil, os números de 2022 indicam que o ano de 2023 será bastante desafiador para venda de smartphones, principalmente, no primeiro semestre. “O resultado das vendas deve ser próximo ou inferior ao que ocorreu em 2022”, prevê Andreia. Por outro lado, as vendas dos aparelhos 5G devem permanecer em crescimento contínuo durante o ano de 2023, dando sequência aos resultados do final de 2022. “O consumidor brasileiro já demostra que o 5G é um critério relevante na escolha do seu próximo smartphone, mas o valor desse aparelho deverá prioritariamente estar de acordo com sua capacidade de pagamento”, explica a analista.

A consultoria avalia que o abastecimento de componentes deve seguir normalizado ao longo do ano. “A falta de componentes teve impacto no primeiro semestre de 2022, mas o mercado conseguiu se recuperar e o abastecimento foi normalizado durante o restante do ano. Devido a uma retração no mercado mobile, tanto a nível nacional quanto global, o abastecimento de componentes não deverá ser um problema em 2023 e, consequentemente, não deverá impactar a produção e distribuição dos dispositivos”, compelta Andreia Chopra.

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