CGU: ineficiência e desperdício são piores que corrupção nas compras públicas
As compras públicas precisam focar mais em resultados no que em procedimentos. O alerta é da Controladoria Geral da União, o principal órgão de auditoria interna da administração, para marcar os festejos de 10 anos da Central de Compras do governo federal.
“O senso comum poderia sugerir que o principal desafio nas compras governamentais seria fraude. Mas o principal problema nas compras governamentais é a ineficiência Mais que a corrupção, é o desperdício do gasto público”, ressaltou o auditor federal da CGU, Sérgio Neiva.
Ao tratar do tema no “Seminário de Boas Práticas em Contratações”, realizado nesta segunda, 11/12, na Enap, em Brasília, Neiva chamou a atenção de que uma cultura associada ao “quem tem CPF tem medo” criou travas no modelo.
“Esse problema é de enfrentamento de disseminação de cultura organizacional de que a visão limitada precípua da compra governamental é atender o negócio de prestar serviço público. Enquanto a gente não vencer a subversão da lógica natural de que o processo é mais importante que o resultado, mas que a compra é uma área meio dos processos burocráticos, ainda vivenciaremos a ineficiência e o desperdício.”
Ele citou, por exemplo, a dificuldade criada pela proibição de que o governo compre passagens aéreas de maior valor. “Seria melhor que fosse permitida a compra das passagens mais caras, que permitem troca de dia e horário. A quantidade é ínfima, mas o percentual de cancelamento é alto, 69%. Comprar passagem para essas autoridades sem possibilidade de reembolso ou remarcação é jogar dinheiro no lixo”, disse Neiva.
“Uma das grandes barreiras para o enfrentamento das ineficiências é a burocracia clássica, as normas, a legislação. É preciso modernizar e simplificar. Regras muito detalhadas podem ser, até, a origem de fraude e corrupção. Um dos vetores da eficiência é a simplificação, pensarmos de forma leve sobre as compras, sempre imbuídos de que é uma área meio para as políticas públicas.”