Telecom

Saúde: só conectividade abundante habilita IA e robótica

O uso de inteligência artificial e robótica no setor de saúde foi um dos temas debatidos na Futurecom 2024, que acontece esta semana, em São Paulo. Segundo especialistas, as tecnologias têm o potencial de revolucionar o setor, mas isso só acontecerá quando houver conectividade em abundância.

A sênior advisor do InnovaHC, Marcia Ogawa, lembrou que a conectividade avançada tem o poder de habilitar uma série de serviços de telemedicina e promover a equidade na saúde. “Temos promovido experimentos estruturantes que tragam essa equidade, mas não adianta disso senão tivermos conectividade. A telemedicina precisa andar de mãos dadas com a conectividade”, afirma.

Para o gerente de inovação do hospital Sírio-Libanês, Cristiano Valerio Ribeiro, a conectividade é um habilitador do uso da tecnologia no setor e, com ela, vem o desafio de conectar os grandes centros às áreas remotas. “É ela também que vai permitir conectar os pacientes a uma série de serviços e produtos de saúde difíceis de serem acessados hoje”, defende.

A cobrança, no entanto, não significa que o setor não esteja desenvolvendo novos usos e aplicações. A diretora de tecnologia da Hospital Care, Lilian Hoffmann, acredita que a digitalização do setor é fundamental para sua transformação, desde o atendimento até seus processos internos. “Estamos falando de cirurgia robótica, consultas a distância e também no ganho de eficiência e atendimento a questões de sustentabilidade”, diz.

São aplicações que já começam a se desenvolver na prática em diversas frentes. De acordo com professor da IA da Unicamp, Anderson Rocha, o mundo vive hoje uma revolução de convergência baseada em cinco tecnologias: nanotecnologia; robótica; biotecnologia; internet das coisas; e IA. “A medicina hoje passa pelas cinco, mais recentemente com a IA ajudando na descoberta de novos padrões”, explica.


O professor defende que o uso da IA deve ser centrado no ser humano e mostrou pesquisas que vão nessa direção, como a iniciada pela Unicamp em 2019, que utilizou a IA para a identificação da retinoplastia diabética por meio de análise da retina. Após seis anos, o índice de acertos da IA chegou a 97% e o estudo deu origem a uma startup que desenvolveu um retinógrafo portátil, capaz de realizar o exame a um custo acessível a populações que antes não teriam acesso a ele.

Lilian também citou o exemplo de uma aplicação desenvolvida na Beneficência Portuguesa, que utilizava IA para melhorar o diagnóstico de Raios-X de tórax, e que passou a ser utilizada no pronto socorro da instituição. “Pensamos na cadeia e em onde inserir a aplicação para gerar valor”, diz, lembrando que, além do desenvolvimento, as instituições precisam ter olhos para entender o que é necessário.

Andrea Bocabello, diretora de inovação, ESG e estratégia do Grupo Fleury, lembrou que o grupo hoje tem IA embarcada em equipamentos de ressonância, reduzindo o tempo do paciente na máquina e os custos do exame. O laboratório também conta com um aplicativo chamado iDoc, que faz comparação de imagens de tomografia e ressonância, permitindo ao médico priorizar casos mais críticos.

A robótica é outra frente em que o setor vem apostando. No caso do Sírio, ela é parte da rotina do hospital há alguns anos, sendo utilizada na farmácia e na entrega de medicamentos nos quartos, por exemplo. Rocha, da Unicamp, lembra que tudo o que se vê hoje em desenvolvimento com a IA, será corporificado pela robótica. “Hoje é muito caro, mas será viável no futuro”, completa.

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